Centenas de portugueses reuniram-se hoje em Maputo para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e destacaram as qualidades de Moçambique como destino de emigração.
A Escola Portuguesa de Moçambique foi transformada no palco das festividades do 10 de Junho, num evento que conta com uma feira empresarial, onde estão presentes mais de 60 empresas luso-moçambicanas, e várias atividades gastronómicas e culturais.
"A comunidade portuguesa está muito bem vista cá. Penso que Moçambique é um país de brandos costumes. O mais importante é perceberem (os portugueses emigrantes) que isto é um país estrangeiro, que não é Portugal", disse à Agência Lusa, Elsa Santos, proprietária de um centro empresarial.
Assinalando a "simpatia" e a "generosidade" do povo moçambicano, Elsa Santos sublinhou que os portugueses que escolham como destino de trabalho Moçambique devem trazer "boa vontade e pensarem que têm pelo menos dois anos para se adaptarem" ao país.
"Para eles se adaptarem, têm de se entender muito bem com os moçambicanos. O moçambicano é humilde. Se eles forem humildes como eles, vão longe", disse a empresária portuguesa.
Há um ano em Moçambique, Amélia Sobral visitou pela primeira vez a festa da comunidade portuguesa, apontando o espírito de solidariedade e entreajuda dos portugueses residente no país.
"Aqui (em Moçambique), aprendemos a dar valor a coisas na vida que não damos enquanto estamos na Europa. Voltamos às nossas origens e às coisas básicas. Uma das coisas que é importante, é a amizade. Conseguimos ter nos nossos amigos a nossa família", disse à Lusa Amélia Sobral.
Não me sinto insegura nesta cidade (Maputo), nem hostilidade. Sinto que as pessoas têm vontade de aprender. É isso que nos têm transmitido e que nós estamos cá para lhes dar esses ensinamentos", acrescentou.
Além da vaga de emigração que se assiste, a crise económica e financeira que Portugal atravessa é também visível nas ajudas sociais portuguesas a Moçambique, que têm vindo a ser reduzidas.
Em março deste ano, a Agência Lusa noticiou a "situação crítica" que se vivia na Casa do Gaiato de Moçambique, resultado do corte nas ajudas de Portugal à instituição social.
"Neste momento, ainda estamos com uma situação delicada, mas com a promessa de alguns apoios de Portugal e de Moçambique. Muitos amigos já nos contactaram e levaram as nossas preocupações. Estamos gratos por esta sensibilidade e este apoio", disse Quitéria Torres, responsável da instituição.
Instada a comentar se a crise vai afetar negativamente as relações de solidariedade de Portugal para com Moçambique, a religiosa afirmou que a nação portuguesa "jamais ficará insensível às necessidades" do povo moçambicano.
Segundo Graça Pereira, cônsul de Portugal em Moçambique, a festa da comunidade portuguesa vai ainda dar "as boas vindas" à próxima presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), que se inicia em julho.
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