A Quinta dos Malvedos, nas encostas do rio Douro, em Alijó, serviu de cenário para os últimos dias de filmagem da longa-metragem francesa «La Cage Dorée» ou «A gaiola dourada».
A rodagem deste filme, que foi também escrito por Ruben Alves, termina esta quarta-feira.
Filho de pais portugueses, o realizador escolheu para a sua primeira produção precisamente o tema da emigração portuguesa para França. Depois de quase dois meses de gravações em Paris a equipa veio para o Douro para, segundo Ruben Alves, «acabar em beleza».
À calma das águas do rio, juntou-se o verde dos vinhedos, o castanho da terra e o calor do verão.
Em «La Cage Dorée», Joaquim de Almeida e Rita Blanco interpretam José e Maria, um casal português que emigrou muito jovem para Paris. Tiveram dois filhos e resolveram regressar, cerca de 30 anos depois, mas mais cedo do que o esperado, porque recebe, de herança uma casa no Douro.
Regressar é o sonho de Maria. José já não vem a Portugal há muitos anos por causa de uma briga com o irmão. Depois há o problema dos filhos, dos amigos e dos patrões que não querem deixar vir o casal.
«Esta região é lindíssima», salientou o realizador.
Porque muitos emigrantes partiram do Norte do país, Ruben Alves, disse que lhe pareceu lógico que eles «voltassem para aqui».
Também lógica lhe pareceu a escolha dos atores. O realizador conheceu Joaquim de Almeida em Cannes e sentiu logo que era o seu José. Foi a ver uma série na televisão que descobriu Rita Blanco, atriz que considera que compreende a comédia e ao mesmo tempo tem o drama nos olhos, a nostalgia portuguesa.
Depois, Maria Vieira foi a «cereja em cima do bolo». «Ela representa a alegria», frisou.
Maria Vieira interpreta Rosa, uma emigrante portuguesa que trabalha como governanta na casa de uma família francesa.
«Estou a adorar. É um orgulho ter sido convidada pelo Ruben Alves, um jovem realizador muito talentoso, foi uma surpresa muito agradável. Já vi alguns excertos do filme e é muito bem feito. Ele fê-lo com o coração», afirmou a atriz.
É um enredo que, segundo Maria Vieira, «toca muito os portugueses». «O filme está muito bem escrito, tem de tudo um pouco», salientou.
Foi a «verdade» que sentiu no guião que levou Rita Blanco a aceitar o papel. «Havia qualquer coisa de comovente e sério», acrescentou.
«Eu faço de uma mulher que foi viver para França muito cedo e que teve que se fazer à vida. Foi porteira e tal como muitos portugueses naquela época tiveram que lutar muito para sobreviver», sublinhou.
Rita Blanco já conhecia o Douro, um território de que disse gostar muito. Para Maria Vieira, foi a primeira vez, mas já está rendida e garante que vai voltar com a família.
António Martinho, presidente da Entidade Regional Turismo do Douro, considerou que a escolha do Património Mundial para acabar esta produção reforça a sua convicção de que este pode um espaço de cenários.
«Assim podemos internacionalizar cada vez mais o Douro», frisou.
Ruben Alves referiu que a estreia do filme nas salas de cinema está prevista para a primavera de 2013.
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