"Estamos a viver o `boom` do português e a crescer como bloco cultural e linguístico", realçou Edleise Mendes em declarações à agência Lusa em Pequim.
"Creio que o português nunca esteve em tão boa forma e a tendência é para crescer e crescer muito", acrescentou.
Presidente da Sociedade Internacional de Português-Língua Estrangeira (SIPLE), fundada há vinte anos no Brasil, a professora Edleise Mendes participou na semana passada em Pequim e em Macau num colóquio sobre o ensino do português e do chinês na China e na CPLP.
Foi uma iniciativa do Fórum de Macau para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e a CPLP, para "valorizar a expansão do português e as relações económicas e políticas" entre os dois blocos.
"O português é uma língua que tem valor económico e temos que aproveitar o momento económico e político para puxar os outros ganhos", defendeu Edleise Mendes.
Segundo também destacou, "há mais de 250 milhões de falantes do português no mundo inteiro" e o próximo Mundial de futebol, que decorrerá no Brasil em 2014, e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, dois anos depois, serão "um pontapé adicional na divulgação da língua portuguesa".
"Há centenas de pessoas a aprender português só por causa desses acontecimentos", indicou Edleise Mendes.
A especialista insistiu, contudo, que no espaço da lusofonia há "varias línguas em português" e não apenas a "variante" portuguesa ou brasileira.
"É muito rico falarmos a mesma língua e pertencermos a diferentes matrizes culturais", afirmou.
A CLPL é constituída por oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S.Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Pelas contas das contas das alfândegas chinesas, em 2011, o comércio entre a China e a CPLP cresceu 28,2 por cento, para 117,23 mil milhões de dólares (93,68 mil milhões de euros) - mais de dez vezes do que o valor registado há uma década.
A China tornou-se, entretanto, o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos, e Angola já é o segundo fornecedor de petróleo à China, logo a seguir à Arábia Saudita.
No plano do ensino verificou-se idêntico `boom`: no final do século XX, em todo o continente chinês, havia apenas duas universidades com licenciaturas em português, em Pequim e Xangai; hoje, há mais de quinze.
Lusa
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