"Existem dois pontos essenciais: primeiro, é a primeira vez que há uma iniciativa legislativa de cidadãos portugueses residentes na Suíça junto das instituições locais suíças, porque já haviam feito em Portugal mas nunca fizeram lá. Deve haver uma implicação da nossa comunidade na defesa dos seus próprios interesses na Suíça. É um sinal claro, é pioneiro", disse hoje em declarações à Lusa o deputado social-democrata.
"Este é o ponto mais relevante, ou seja a implicação cívica da nossa comunidade através da Associação dos Encarregados de Educação de Genebra e de outra associação de cultura e expressão portuguesa de Genebra", sustentou.
"A segunda questão, inerente a esta, é que a própria petição trata de uma matéria que é muito importante para mim, que é a integração da língua portuguesa nos currículos oficiais locais, seja ele qual for o nível, e neste caso é para a região de Genebra", referiu ainda.
O deputado considera importante a integração da língua portuguesa num país onde vivem várias centenas de milhares de portugueses, já que é uma língua que tem expressão mundial, associada a uma cultura e que representa oportunidades de negócio.
"Portugal, na relação bilateral com a Suíça, terá mais dificuldade 1/8em negociar a introdução do português no sistema de ensino oficial suíço 3/8 se a comunidade, ela própria, não demonstrar publicamente que sente que é importante que o ensino do português seja integrado. (...) É o primeiro passo, numa caminhada muito longa, mas começamos a percorrer este caminho", disse.
Carlos Gonçalves citou ainda como exemplo os dois grandes eventos desportivos que serão realizados nos próximos anos -- o Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 - no Brasil, um país lusófono.
O deputado socialista Paulo Pisco, que também esteve presente em Genebra, optou por frisar em declarações à Lusa a necessidade de envolvimento das autoridades portuguesas nesta iniciativa, promovida pela associação de expressão cultural portuguesa e pela associação portuguesa de pais e encarregados de educação de Genebra.
"Defendo-a e espero que o nosso Governo e o nosso embaixador na Suíça se envolvam diretamente para dar projeção e fazer com que os objetivos dos peticionários possam ser atingidos", referiu, antes de precisar que o próximo passo reside na recolha de 4.000 assinaturas para que a petição possa ser discutida no parlamento do cantão de Genebra.
"É uma iniciativa de enorme importância que gostaria que chegasse a bom porto, e o envolvimento do Estado português é essencial", reafirmou.
Paulo Pisco também destacou a importância da comunidade portuguesa no cantão de Genebra, "a mais importante, entre mais de uma centena de comunidades que aí existem", e recordou que já existem línguas de outros países, como a espanhola ou árabe, com comunidades menos expressivas mas que já estão incluídas nos currículos do ensino pós-obrigatório.
"Não faz sentido que a comunidade portuguesa tenha esta importância no cantão de Genebra e não tenha a língua portuguesa integrada no ensino pós-obrigatório, que é mais ou menos equivalente não ao pré-escolar mas ao décimo ano e daí em diante".
"É uma iniciativa muito importante para a própria afirmação da comunidade portuguesa no cantão de Genebra e julgo que terá uma repercussão em toda a Suíça", concluiu.
Lusa
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