"Quando é para pedreiro, ou para pintor, ou para carpinteiro, é fácil eu arranjar trabalho. Nós, os portugueses, onde passamos deixamos nome e sabemos trabalhar com perfeição. Estamos muito bem vistos em França", diz à Lusa.
Nestes últimos dois anos, acrescenta, com "esta nova crise" que o país está a atravessar, e, sobretudo, desde que essa crise chegou a Espanha, "há muitas famílias que estão a chegar a esta região".
Já não há muito quem venha à sorte, diz: "Quando as pessoas cá chegam já vêm com contactos feitos. Já vêm com meio caminho andado, trabalho e casa. Sabem que os custos são bastante elevados, que se chegam cá sem trabalho as viagens [para regressar] não são baratas".
A Frontignan aparecem, sobretudo, emigrantes "entre os 35 e os 45 anos". Têm experiência profissional, mais do que formação superior. "São pessoas que trabalharam nas terras, que trabalharam nos montes, ou na construção civil, nas pinturas", e as suas famílias "ficam a viver melhor do que viviam em Portugal", refere o empresário.
José Dantas, 48 anos, vai ajudando quem chega, ora com o francês, ora a resolver burocracia, ora a encontrar emprego.
Chegou a esta cidade, a 20 quilómetros de Montpellier, aos 14 anos. Deixava em Ponte de Lima uma família numerosa e seis anos de escola. Trabalhou cinco anos nas vinhas. Depois, comprou uma parte de uma propriedade de frutas e legumes.
Começou um negócio com uma pequena parcela de terreno. Chegou a ter 70 hectares e 70 empregados por sua conta. Servia todos os hipermercados da região. Fez isso durante 15 anos.
Hoje, é promotor imobiliário. Em 2005, criou a Associação Portuguesa Cultural de Frontignan, da qual fazem parte 500 dos cerca de 900 emigrantes na região: "É uma associação para fazer os portugueses reviverem o que se passa em Portugal, da festa do 25 de Abril à festa de São Martinho", explica.
O presidente da câmara, socialista, convidou-o, em 2008, para integrar a lista do partido para as eleições autárquicas. Hoje, José Dantas é um elo importante entre o poder político local e a comunidade portuguesa.
Sobre a participação cívica e política dos portugueses em França, José Dantas considera que "houve um caminho feito", mas que "há muito progresso a fazer ainda", sobretudo em Frontignan.
"Eu acho a nossa comunidade ficou muito bloqueada naquela situação da chegada, há 30 ou 40 anos. Para eles, o pensar era só trabalhar e ganhar dinheiro, mais nada. [Mas] hoje já temos outras capacidades", conclui.
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