O jovem empresário Carlos Ferreira, filho de emigrantes portugueses em
França, criou uma empresa para mostrar «o que se
faz de melhor em Portugal» e considera
que a imagem do país como marca de qualidade está a crescer no
estrangeiro.
A
crise, diz à agência Lusa, deu um
empurrão às empresas portuguesas, que «tomaram consciência de que têm
que definir novas
estratégias e abrir novos mercados no
estrangeiro». Agora, há «uma vaga de empreendedorismo a crescer».
Carlos
Ferreira,
de 38 anos, achou que esta era a altura
de pôr em prática um projeto em que vinha pensando há muito tempo. A Le
Long du Tage,
que está ainda em fase de lançamento,
surge para dar visibilidade em França ao que de qualidade se faz em
Portugal, ajudando
as empresas a implementarem-se nesse
mercado.
O fator com maior peso para que esta ideia ganhasse
forma, conta, foi
o facto de, apesar de ter nascido em
França e de ter vivido aí durante a maior parte da sua vida, «ter ficado
agarrado à cultura
e à língua portuguesa, fora dos meios
populares».
A isto juntou uma experiência profissional de cerca
de 10 anos
em empresas de tamanhos e setores de
atividade diferentes ¿ da moda ao cinema, até aos cosméticos ¿, uma
atenção permanente
às artes, e o que lhe ficou de um
projeto musical português em França que manteve durante cinco anos.
«Essas minhas
experiências, [e o facto de] eu ver que Portugal tem know how no têxtil, nos móveis, que há uma cultura, que há produtos,
como a cortiça, o azulejo, as
cerâmicas, as artes de mesa, o cristal, ou outros mais culturais, como o
fado, [dos quais] não
se ouve falar em França, fizeram-me
avançar», acrescentou.
Carlos Ferreira quer mostrar que Portugal «é capaz de
conciliar tradição e inovação, saudade e modernidade».
Embora
sublinhando que «nem tudo o que é português é bom»,
este empresário considera que a imagem
do país «está a crescer a nível de qualidade no estrangeiro». Um bom
exemplo, diz,
«foram as últimas feiras
Maison&Objet, [em Paris]. Podemos constatar que são cada vez mais as
marcas portuguesas presentes,
e presentes num alto patamar».
Para já, a loja não tem um espaço físico. Tem um sítio na Internet, através do qual
comunica com clientes e com potenciais futuros parceiros.
Os
critérios para que a Le Long du Tage inicie uma parceria
com uma marca portuguesa são a
qualidade dos produtos, a imagem da marca, a existência de um mercado
para essa oferta em França,
e também a preparação da empresa para
comunicar com interlocutores e parceiros franceses.
Neste último
aspeto ¿ o
da comunicação da marca ¿, diz Carlos
Ferreira, verifica-se, na maioria dos casos, «uma certa impreparação»,
mas que, acredita
o empresário, «vai resolver-se com o
tempo».
Agência Financeira, aqui.