O pai é português, com família oriunda da Figueira
da Foz, a mãe é belga e foi com uma familiar que sempre considera como
avó que aprendeu a falar português, durante as férias que passava na
Figueira da Foz. Inês Mendes aprendeu "com gosto" a língua e a cultura
da família paterna e adquiriu a nacionalidade portuguesa. Ao MUNDO
PORTUGUÊS assumiu que é mais belga que portuguesas, mas sublinhou que
tem orgulho nas duas culturas, que a ajudaram "a ter um espírito mais
aberto, concretamente no contexto das comunidades estrangeiras na
Bélgica".
Aos 38 anos, a luso-belga é
agora conselheira na Câmara de Enghien, uma cidade de 13 mil habitantes e
onde reside há três anos. Foi candidata numa lista de 23 pessoas e
ficou em terceiro lugar. Mas esta não é a sua «estreia» na política: foi
eleita pela primeira vez com 26 anos e exerceu um mandado de
conselheira comunal em La Louvière na legislatura de 2001-2006.
Atualmente, é ainda secretária política e vice-presidente da UCS (União
Socialista Comunal, em português) de Enghien. "Gosto muito de trabalhar
com as pessoas, a nível comunal (autárquico), porque há maior
proximidade com os eleitores. Todo o meu discurso é e proximidade com as
pessoas", garante Inês, que será conselheira comunal até 2018 e ainda
não sabe a quais pelouros estará ligada, uma informação que só terá
depois de o novo executivo comunal iniciar funções. Mas aponta a
mobilidade urbana numa cidade com muito tráfego automóvel e o
desenvolvimento do comércio e de atividades culturais para a população
mais jovem, como questões importantes para o novo executivo autárquico.
Licenciada
em Ciências Políticas, Inês Mendes está ligada à política desde os 20
anos, quando começou a militar no partido Socialista belga. Revela que o
gosto pela política é inato, "não foi influência de ninguém" e surgiu
na sequencia da sua formação universitária, porque queria "estar na
política do ponto de vista terreno e não apenas teórico".
Já Pedro
Rupio foi o primeiro cidadão português eleito na região de Bruxelas.
Atual conselheiro da Comunidade Portuguesa e presidente da associação
«Força Luso-descendente», chega à Câmara de Saint Gilles como o 10º
candidato mais votado na lista do Burgomestre Charles Picqué e o 13º
sobre mais de 150 candidatos naquela cidade. O agora conselheiro
municipal destacou o voto da comunidade lusa local nas eleições de 7 de
outubro, revelando ter havido "um aumento bastante importante de
inscritos na comuna", e para a qual teve peso a campanha que realizou
nos últimos meses a apelar à participação política dos portugueses.
"Esta participação trará mais visibilidade à comunidade", afirmou ao
MUNDO PORTUGUÊS, acrescentando que o número de inscritos lusos passou e
140 para 421.
Sobre as questões prioritárias com que se debaterá o
novo executivo camarário, destaca a alta taxa de desemprego,
"principalmente entre os jovens com menos de 25 anos". "Um dos grandes
desafios será incentivar os jovens a continuarem os estudos e assim
reduzir-se o abandono escolar", sublinha, referindo ainda haver na
cidade, onde residem cerca de 50 mil pessoas, problemas a nível da
segurança. "Continua a ser uma das (cidades) mais pobres da Bélgica e
também uma das maiores", acrescenta.
Com a tomada de posse agendada
para Dezembro, Pedro Rupio não sabe ainda sobre que dossiers irá
trabalhar, mas destaca a maioria absoluta conquista pela lista a que
concorreu e que ditou a manutenção de Charles Picqué como Burgomestre
(presidente da Câmara) da cidade. Ainda assim, revela que gostaria de
estar ligado às áreas da coesão social, juventude, desporto, ensino
público e movimento associativo, destacando a experiencia que já
acumulou nesta última. Para já comemora o "excelente resultado" que
obteve nestas Comunais belgas e que transformou no mais jovem autarca
daquele país.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
Mundo Português, aqui.