"A cidade está em constante mutação, há vagas em várias áreas, os portugueses sobressaem na área do Direito, mas o setor do turismo, como dominante pode oferecer mais oportunidades", defendeu Fernando Gomes, em declarações à agência Lusa.
Para o mesmo responsável, médico em Macau, "o boom económico da cidade está centrado na área do turismo e Portugal tem excelentes escolas e os seus profissionais podem constituir-se como uma mais valia para o setor em Macau".
"Ninguém pode vir para Macau pedinchar um emprego ou esperar arranjar trabalho que não seja técnico porque isso, podendo acontecer, não é a regra nem estará integrado nas necessidade existentes", salientou.
Por outro lado, a aventura oriental, disse, é hoje atrativa para os mais jovens e, por isso, vê-se, que quem chega a Macau de novo tem idades entre os 20 e os 30 anos.
"Por um lado, Macau deixou de ser um enigma para muitas pessoas, mas por outro é mais fácil um jovem arriscar um emprego em Macau do que alguém que tenha uma vida constituída em Portugal ou que seja mais velho, porque apesar de várias facilidades que a cidade oferece, não se pode pensar que não há um período de adaptação a uma realidade diferente", considerou.
A língua, os costumes, os cheiros e a própria organização da cidade levam Fernando Gomes a considerar que na aposta de Macau para uma nova vida "os jovens são mais corajosos", e são eles que, nota-se, chegam à cidade.
Além da hotelaria, há outras áreas, como a banca ou mesmo o setor público, mas ir à aventura para Macau não é a melhor solução porque na cidade, sob administração chinesa desde 20 de dezembro de 1999, os portugueses, como quaisquer outros que chegam, não conseguem autorização de residência se não tiverem um contrato de trabalho com uma empresa local.
Entre os que chegam, grande parte a encetar o regresso à cidade depois de lá terem nascido ou vivido na juventude antes de partirem para frequentarem cursos superiores.
Empregos há, mas preferencialmente para locais, os titulares de bilhete de identidade de residente, e a contratação ao exterior tem de ser justificada e autorizada pelas autoridades governativas.
Após a transferência, o português manteve-se como língua oficial, o Direito está assente na matriz portuguesa e a necessidade de quadros qualificados é uma constante que, em muitos aspetos, mas de forma mais vincada na área jurídica, estas faltas são colmatas com cidadãos portugueses, de juízes, advogados ou juristas, dada a escassez de recursos locais para estas profissões.
Depois há profissões como os jornalistas, que preenchem os quadros da imprensa local em língua portuguesa ou inglesa - cinco jornais diários em português e inglês, um semanário, canal de rádio, canal de televisão e três revistas mensais em inglês, além das revistas em português e inglês do Governo - os médicos, engenheiros, na área financeira, no ensino, nos seguros ou no setor da hotelaria e jogo.
Apesar de os números não estarem disponíveis, a grande maioria dos portugueses que está em Macau são pessoas que já viviam na cidade antes da transferência de poderes de Portugal para a China, técnicos que permaneceram no território ou que, após conseguirem licenças especiais do Governo português, regressaram à cidade por terem melhores condições de vida e remuneratórias.
A contabilidade consular indica mais de 100.000 cidadãos nacionais entre Macau e Hong Kong, mas aqueles que falam português ou que possuem uma relação afetiva ou cultural com o país não serão mais de 15.000, incluindo a denominada comunidade macaense (pessoas com ascendência portuguesa e chinesa).
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