A Associação de Beneficência Só-Bem convidou as mulheres
luso-venezuelanas a participarem num estudo sobre os idosos portugueses
que vivem no país, destacando o desempenho de instituições locais que
substituem o Estado no acompanhamento de "situações gritantes". "Urge
fazer um estudo, porém, que seja levado superiormente às instituições
oficiais, sobre a velhice em solo venezuelano", disse a presidente da
associação, citada pela Lusa.
Ana Maria Góis falava para mais de uma
centena de participantes no 2.º Congresso Nacional da Mulher
Venezuelana, evento organizado pelo Clube de Comunicadores Sociais
Luso-venezuelanos e a Associação Mulher Migrante, de Portugal, para
assinalar o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a
Mulher.
A responsável frisou ainda que "a comunidade lusa vai
envelhecendo em solo venezuelano e, como tal, as situações de carência
tenderão a aumentar". "Diversos idosos, sem família e sem meios de
subsistência necessitam de apoios, tendo o Estado português cortado a
muitos deles o ASIC, (subsídio de apoio social) mercê das dificuldades
que assolam as finanças lusas e dos abusos que se verificaram ao longo
de anos", disse.
"É crível que, aumentando os casos de mendicidade,
os meios postos à nossa disposição se revelem insuficientes. Não tanto
em termos alimentares, onde a comunidade lusa se vem revelando generosa,
mas em termos de numerário, imprescindível para a aquisição de
medicamentos e pagamento de médicos e ambulatórios", acrescentou.
A
responsável da Associação Beneficência lembrou ainda que "vicissitudes
diversas" levaram o "Estado Social a defrontar-se com uma crise que,
obviamente, afetará o tecido social mais frágil". Segundo Ana Maria
Góis, este tecido social, "parco de rendimentos e debilitado,
incapacitado de recorrer à malha estatal, acaba invariavelmente por
recorrer a quantos, sem atenderem a cálculos matemáticos e questionários
intermináveis, lhes dão os alimentos para matar a fome e os
medicamentos para fazer face à doença".
A Associação de Beneficência
Só-Bem foi criada em 1988, está sediada na cidade de Valência, 200
quilómetros a oeste de Caracas, centrando a sua atenção em casos de
carência extrema.
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