O Luxemburgo recebeu 500 novos alunos portugueses em 2012, filhos de
emigrantes nesse país, disse à agência Lusa o secretário de Estado das
Comunidades Portuguesas, José Cesário, considerando que este é um número
"bastante elevado".
"Este ano entraram 500 novos alunos no sistema educativo luxemburguês. É
um número bastante elevado e que, obviamente, traduz a entrada de muita
gente. Uns milhares de pessoas, talvez 5, 6, 7 mil, é difícil saber
exatamente", afirmou José Cesário, que iniciou, na sexta-feira, uma
visita de cinco dias ao Luxemburgo.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas foi hoje recebido
pelo vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do
Luxemburgo, Jean Asselborn, pela ministra da Educação e Formação
Profissional, Mady Delvaux-Stehres, e pelo ministro do Trabalho, Emprego
e Imigração, Nicolas Schmit.
O dia, disse, foi "muito importante, muito interessante", e "muito
produtivo". Os dois governos, acrescentou, estão de acordo em relação à
necessidade de cooperarem "ao máximo" para evitar as "situações
delicadas em que, com frequência, os nossos compatriotas caem".
O governante disse, no entanto, não estar de acordo com as declarações
do deputado socialista Paulo Pisco, que, no domingo, defendeu que era
"importante" que, "da parte do Governo português, houvesse uma
orientação clara" para que não existir mais emigração para o Luxemburgo.
José Cesário defendeu que é preciso dizer às pessoas que há "um conjunto
de questões" - como ter um contrato de trabalho com um vencimento que
permita ao emigrante sobreviver, um alojamento adequado e o conhecimento
das línguas que se falam no país - que quem quer sair tem que
acautelar.
Quem decide emigrar para o Luxemburgo, reforçou, "deve vir preparado
para aprender o alemão e o luxemburguês, para além do francês".
"Há também a questão dos filhos. O ensino no Luxemburgo é um ensino
muito complicado, porque é um ensino trilingue. E isto dificulta muito a
integração dos estudantes portugueses, sobretudo dos jovens a partir
dos 8, 9 anos, e, por isso, aumenta muito as possibilidades de insucesso
escolar", lembrou.
Para ajudar a comunidade portuguesa no Luxemburgo no que respeita a
formação, a reconversão profissional e a integração, os governos dos
dois países vão apoiar algumas associações portuguesas que já
desenvolvem trabalho na área da formação profissional, e que vão passar
também a ensinar as línguas locais.
José Cesário anunciou ainda que será feita "uma avaliação do atual
modelo de ensino integrado", em que, explicou, os professores ensinam
"as matérias do meio físico local em língua portuguesa".
"Vamos, conjuntamente com o Ministério da Educação do Luxemburgo,
avaliar se isso é um fator de melhoria de integração na escola, e de
redução do insucesso escolar. E vamos aumentar uma experiência que
começámos este ano, para ver até que ponto é que integrando o ensino do
português no ensino pré-escolar, ou logo nos primeiros anos do ensino
básico, conseguimos melhorar os resultados dos alunos", concluiu.
As autoridades portuguesas estimam que vivem no Luxemburgo mais de 100 mil portugueses.
Jornal da Madeira, aqui.