Os dois consulados portugueses no Reino Unido realizaram um número
recorde de 25 mil novas inscrições em 2012, mas o total de residentes no
país continua incerto, admitem os dois deputados eleitos pelo círculo
da Europa.
Até meados de dezembro, tinham-se registado no posto
de Manchester 15 mil portugueses, aumentando o número total para 69 mil,
adiantou a embaixada de Portugal no Reino Unido.
Apesar de ter
registado menos inscrições, perto de 10 mil, o consulado-geral de
Londres continua a ser o maior em termos de portugueses registados,
cerca de 172 mil.
O deputado do PSD, Carlos Gonçalves, rejeita a
ideia de que estes números refletem uma explosão da emigração para o
Reino Unido, com aconteceu no início dos anos 2000.
A explicação
que encontra para este volume de inscrições é a de uma maior eficiência
nos serviços consulares e o «excelente trabalho dos funcionários».
Após
uma reorganização, o posto da capital britânica aumentou o número de
horas de atendimento ao público, de 4,5 para seis horas, refletindo-se
na capacidade de resposta, justificou.
«O ritmo [de trabalho] é elevado», garante.
Quanto
ao consulado de Manchester, criado quando Carlos Gonçalves foi
secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (2004-05), está a
receber muitos portugueses que antes pertenciam à região consular de
Londres.
«Está a preencher os requisitos para que foi criado, que
era aliviar [o consulado de] Londres, que estava sobrecarregado», diz o
eleito social-democrata, referindo o posicionamento geográfico, que
cobre o norte de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte e
alivia o posto de Londres.
Paulo Pisco, deputado do PS, concorda
que muitos destes novos inscritos em Manchester, cujo posto só abriu
portas há seis anos, estariam antes registados no consulado-geral de
Londres.
Mas também acredita que «haverá um maior afluxo de
cidadãos com nacionalidade portuguesa a ir para uma região que não
estará tão saturada nem tem custos de vida tão elevados» como na capital
britânica, onde se concentra uma grande parte da comunidade portuguesa.
Os
dois parlamentares concordam que a falta de inscrição e atualização nos
consulados, onde estão agora registados no total cerca de 241 mil
portugueses, agrava a dificuldade de avaliar a verdadeira dimensão da
comunidade portuguesa no Reino Unido.
Oficialmente, o
recenseamento demográfico de 2011 na Inglaterra e País de Gales e na
Irlanda do Norte (Escócia e Irlanda do Norte não detalharam dados sobre
residentes estrangeiros) só deu conta de 88.161 nacionais portugueses.
Carlos
Gonçalves estima que a realidade esteja entre os 250 mil e os 300 mil,
enquanto Paulo Pisco aponta para o valor mais elevado, tendo em conta o
recente «aumento dos fluxos migratórios para muitos países», incluindo o
Reino Unido.
«Seja como for, a inexatidão dos dados sobre os
portugueses é negativo, porque inviabiliza a adoção de políticas mais
direcionadas designadamente a nível do atendimento consular, ensino,
apoio social ou associativismo», escreve a Lusa.
tvi24, aqui.