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Portugueses desesperados esperam semanas por emprego em Londres
2013-01-10

Marcos Ribeiro é um dos muitos portugueses à espera há várias semanas por oportunidades de emprego em Londres, alguns dos quais acabam por dormir na rua por falta de dinheiro.

Este portuense de 29 anos chegou em meados de Dezembro à capital britânica de autocarro, conta à agência Lusa, empurrado pelo "desespero", após sentir que a vida em Portugal se tinha tornado "insustentável".

"Cheguei a um beco sem saída", admite este antigo empregado de mesa.

Porém, a vida em Londres, garante, também "não é um mar de rosas, muito pelo contrário".

Sem acesso à conta bancária por, alega, ter ficado sem o cartão de débito numa máquina de multibanco, tem optado por dormir na rua, "em locais estratégicos", fora do olhar dos londrinos e do alcance das autoridades.

"Tento isolar-me para que as pessoas não se apercebam, levanto-me cerca das 06:00 [horas] da manhã e sigo rumo por zonas por vezes longínquas e volto ao final da noite sempre ao mesmo sítio", relatou.

Para trás deixou a mulher e um filho e uma família que lhe chama "maluco", mas Marcos Ribeiro, que se apresenta de barba feita e roupa limpa, luta contra o desalento e mantém-se otimista sobre a escolha de destino.

"Não é um país que se possa dizer que está bem, mas, comparado com Portugal, acho que ainda se consegue haver mais facilidades a nível de trabalho", afirma.

Este é apenas um dos muitos portugueses que tem procurado emprego na agência Neto's, em Wandsworth Road, no sul de Londres, dirigida pelo compatriota Domingos Cabeças.

Se em Março de 2012 já tinha registado uma triplicação do número de candidatos para entre 80 a 100 por dia, nos dois primeiros dias desta semana foi surpreendido com uma multidão ainda maior à porta.

Entre estes, estão muitos trabalhadores qualificados, dispostos a fazer "qualquer coisa", desde limpeza, a trabalhar na cozinha, todavia a conjuntura britânica não é favorável.

No Reino Unido, refere o director da agência, "neste momento há muito desemprego e os patrões estão procurando pessoas qualificadas em cada ramo, não estão a dar oportunidade a ninguém que venha de outros ramos ou estudantes que acabaram de estudar e querem vir para aqui trabalhar em qualquer coisa. Os patrões não dão oportunidade, não querem essas pessoas, acham que são qualificados demais para as posições de limpeza, de hotelaria ou de cozinha".

A seleção tornou-se também mais apertada: muitos empregadores já não confiam nos currículos ou entrevistas por telefone e querem falar pessoalmente com os candidatos e tê-los à experiência durante um período.

O conselho que dá é que "devem usar a profissão deles porque neste momento não é a melhor época para trocar de profissão".

Domingos Cabeças tem sido confrontado com vários casos de portugueses que vieram de "malas às costas" com a esperança de encontrar emprego em poucos dias, como acontecia no passado.

"Neste momento, se fizerem isso, podem ficar aqui um mês", adverte.

Marcos Ribeiro alerta os potenciais emigrantes para a necessidade de terem um mínimo de dinheiro para alojamento e sugere que pensem "duas vezes" antes de avançarem.

"Se quiserem ser um bocadinho aventureiros como eu, cada qual dita a sua sentença", avisa, acrescentado: "Eu ditei a minha, não estou alegre, mas estou confiante".

Lusa/SOL, aqui.

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