A Comunidade portuguesa do Canadá
tem ganho nos últimos tempos maior visibilidade, desde logo com a
mediatização da candidatura de Charles de Sousa ao cargo de
Primeiro-Ministro da Província, mesmo ficando pelo caminho, ela
constituiu uma forma de afirmação política e social da população lusa em
Ontário.
O livro editado em Toronto «Os Portugueses no Canadá: Desafios da
diáspora e a integração» revela que a comunidade portuguesa no Canadá
está a quebrar a invisibilidade que a caracterizava desde a primeira
vaga de emigração oficial, iniciada há mais de 50 anos.
Esta é uma das conclusões sobre a evolução da emigração portuguesa no
Canadá por parte do nosso conterrâneo e conceituado investigador e
professor da Universidade da Colúmbia-Britânica-Okanagan, José Carlos
Teixeira, em co-autoria com Victor da Rosa, trabalho que vem demonstrar
que a nova geração dos portugueses tem tido um papel muito relevante no
Canadá, um país multicultural com inúmeras etnias que convivem
pacificamente e contribuem para o progresso desta grande nação.
Como se sabe, os açorianos representam uma fatia substancial dentro da
comunidade lusa, que agora se vê inundada por muitos brasileiros. São
inúmeros os casos de portugueses, sobretudo da terceira e da quarta
geração, que se têm afirmado nas áreas do saber, da economia, da
cultura, do desporto e da política.
Sem dúvida que a presença portuguesa no Canadá mostra já um elevado
nível de assimilação, mas também poderá correr o risco de diluição da
identidade portuguesa, pelo que se torna importante estar atento a esta
situação.
De acordo com o Prof José Carlos Teixeira, embora as estatísticas
oficiais canadianas calculem um número em 350 mil portugueses no país,
estima-se que o número real seja na ordem dos 550 mil, em que mais de
80% residem nas áreas metropolitanas de Montreal, Toronto, Winnipeg,
Edmonton, Calgary e Vancouver.
Aquele livro demonstra que em algumas cidades, os portugueses estão
organizados em «Little Portugal», definido com base num conceito
sociológico que abarca a concentração de um grupo de emigrantes numa
sociedade de acolhimento, onde vivem como se fosse no país de origem,
com os seus comércios, igreja, e outras instituições. A sua
sobrevivência depende da dimensão da comunidade que a suporta, dando
como exemplo o bairro português de Toronto, enquanto área de grande
concentração de luso-canadianos,
Nessas zonas, percorremos as suas ruas e entramos nas suas lojas e
restaurantes e nem necessitamos de falar o inglês, dado que a língua de
Camões domina a comunicação. É possível comer uma esmerada refeição com
ementa tipicamente da nossa terra ou adquirir produtos provenientes dos
Açores ou do Continente, como uma saborosa laranjada da Melo Abreu ou o
característico queijo de S. Jorge.
Os órgãos de comunicação social têm um papel determinante na afirmação
da comunidade portuguesa e as diversas associações sociais e culturais
são o suporte na defesa da cultura e da língua portuguesa.
Percorrer essas ruas da cidade de Toronto, ficamos com a sensação que estamos a andar pelas artérias de Ponta Delgada.
Autor: APC
Correio dos Açores, aqui.