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Emigrantes portugueses preferem votar nas eleições francesas
2013-02-20
Os emigrantes portugueses em França desligam-se da política portuguesa e já votam mais nas eleições francesas do que nas portuguesas. Os portugueses de nacionalidade única residentes em França podem votar nas eleições autárquicas e europeias francesas desde 2001.

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris

Os números oficiais são claros e indicam uma opção evidente dos emigrantes lusos pelas eleições francesas em prejuízo das portuguesas: 86 mil estão inscritos para as eleições francesas, contra apenas 51 mil para as portuguesas.

Os portugueses de nacionalidade única residentes em França podem votar nas eleições autárquicas e europeias francesas desde 2001.

A diferença deverá aumentar consideravelmente nos próximos meses por estar em curso uma nova campanha de sensibilização para a inscrição dos portugueses nas listas eleitorais francesas, com vista à participação nas eleições autárquicas e europeias do próximo ano.

"Ninguém se preocupa"

Contudo, apesar do número pouco significativo de recenseados, a França é o país do Mundo com mais portugueses inscritos para as eleições portuguesas. Mas o número de votantes é reduzido - nas últimas legislativas apenas votaram 8800 pessoas e nas presidenciais pouco mais de duas mil. O pouco interesse dos portugueses de França pelas eleições no seu país de origem é ainda salientado pelo facto de, em poucos anos, os consulados terem registado a perda de mais de oito mil inscritos.

De acordo com as mais recentes estatísticas francesas, existem em França 492 mil portugueses, mas o número deverá ser neste momento bem superior devido à nova vaga de emigração iniciada há dois anos. No total, incluindo os franceses de origem portuguesa, a comunidade portuguesa em França será de 1,2 milhões de pessoas.

"Existe uma incompreensão dos processos eleitorais portugueses, há muita falta de informação e desde há muitos anos que nenhum Governo lançou um trabalho sério para levar os portugueses a participarem na vida democrática portuguesa, ninguém se preocupa e os trabalhos parlamentares sobre esta questão são quase nulos", explica Paulo Marques, fundador da Cívica, uma associação que há muito apela à participação dos portugueses nos atos eleitorais tanto franceses como portugueses.

Paulo Marques (militante da UMP, direita francesa, e do PSD), Hermano Sanches Ruivo (do PS francês e português, autarca em Paris) e outros políticos e dirigentes associativos portugueses e franco-portugueses fazem parte do grupo de lusodescendentes que mais campanhas têm lançado para convencer os seus compatriotas a participarem na vida politica nos dois países.

Mas, visivelmente, os portugueses parecem mais interessados nas eleições francesas. "Há um aumento anual de 20% de portugueses inscritos para os escrutínios franceses, e uma diminuição dos inscritos nos consulados para os portugueses. É uma situação grave que deveria preocupar os governantes portugueses", acrescenta Paulo Marques.

"Quem não vota, não canta"

A eficácia das campanhas que têm sido lançadas para a participação cívica dos portugueses em França é uma evidência e contrasta com a situação em relação à sua participação em Portugal.

Recorde-se que, como o Expresso noticiou na sexta-feira passada (ver relacionado), acaba de ser lançada uma nova campanha para a inscrição dos portugueses nos cadernos franceses. O prazo para a inscrição ser válida para as autárquicas e europeias do próximo ano termina a 31 de dezembro. "Sou uma otimista e esperamos duplicar o número de inscritos e de eleitos em França", diz Nathalie de Oliveira, autarca pelo PS francês, eleita em Metz, no norte da França.

Neste momento, de acordo com dados da embaixada de Portugal, existem em França 1376 autarcas de origem portuguesa. "As várias campanhas que lançámos funcionaram, nomeadamente os spots na rádio e nas TV internacionais portuguesas", explica Paulo Marques. No passado, também a associação juvenil Cap Magellan, fundada por Hermano Sanches Ruivo, lançou uma campanha nesse sentido com um slogan que funcionou: "Quem não vota, não canta".

A nova campanha lançada na sexta-feira passada, numa reunião na Câmara de Paris, prevê a realização de novos spots audiovisuais entre outras iniciativas.

Expresso, aqui.

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