Os portugueses serão afetados pelas restrições ao regime de subsídios sociais que o Governo britânico quer impor a imigrantes europeus recém-chegados ao Reino Unido, avançaram, esta quarta-feira, duas responsáveis de serviços de apoio à comunidade.
"O objetivo é impedir que venham muitos romenos e búlgaros, mas vão afetar toda a gente, até os ingleses", garantiu, em declarações à agência Lusa, Susana Forte Vaz, do European Challenge, em Thetford, no Leste de Inglaterra.
O ministro inglês do Trabalho e Pensões, Ian Duncan Smith, confirmou na terça-feira no Parlamento que o Governo quer apertar as condições que permitem aos imigrantes receber alguns subsídios, mas que encontrou resistência na Comissão Europeia.
Atualmente, os imigrantes europeus podem pedir abono de família, mesmo se os filhos nasceram no país de origem, ou outros subsídios se se registarem como trabalhadores por conta própria.
O ministro disse ainda que o Governo quer limitar o acesso a imigrantes sem direito a cuidados de saúde gratuitos e a habitação social, podendo impor um período de vários meses até obter estatuto de residente.
Susana Forte Vaz admite que também há portugueses a fazer "benefit tourism" [turismo dos subsídios], expressão usada para caracterizar os imigrantes que abusam do sistema para obter subvenções sociais logo à chegada ao Reino Unido.
A situação acarreta injustiças, explica, porque, em alguns casos, podem obter rendimentos mais altos do que pessoas que trabalham e são contribuintes fiscais.
Muitos portugueses, sublinha Fernanda Correia, gestora do Centro de Apoio à Comunidade Lusófona, em Londres, vêm para o Reino Unido "para fugir da crise em Portugal e porque pensam que aqui é mais fácil encontrar trabalho".
Até agora, contou, era relativamente fácil obter apoio das autoridades para arrendar uma habitação e outros subsídios, mas este Governo mudou as regras e vai baixar os valores disponíveis a partir de abril.
Isto, vincou, vai forçar "famílias a sair de Londres porque não vão conseguir pagar as rendas" das casas.
Para Fernanda Correia, o mais preocupante é um regresso a situações de pobreza "em que vivem todos numa divisão e fazem do quarto, sala e cozinha".
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