Carlos Trindade, responsável pelas Relações
Internacionais da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses
(CGTP), afirmou à Lusa, que em países como a Suíça, França, Luxemburgo
ou Reino Unido a falta de oportunidades de trabalho para os que chegam é
cada vez mais visível.
Isto porque a nova vaga de emigração para a
Europa está a contribuir para o reforço da pressão sobre os mercados
laborais, gerando crescentes níveis de desemprego, degradação das
condições laborais e até atitudes de rejeição das comunidades
portuguesas, alerta o sindicalista. Para ultrapassar estas dificuldades
os recém-chegados aceitam trabalhar por condições abaixo das
estipuladas, suscitando reações negativas das sociedades de acolhimento.
"Ao aceitarem condições abaixo dos mínimos estabelecidos levantam,
não apenas na população do país de acolhimento, como também nas
comunidades [portuguesas] que estão lá há 20 ou 30 anos fenómenos de
rejeição", sublinha. O sindicalista reconhece que as comunidades
instaladas servem em grande medida de rede de apoio aos novos
emigrantes.
Marília Mendes, responsável pelo grupo de trabalhadores
portugueses no maior sindicato suíço, o UNIA, sublinhou à Lusa que, além
de portugueses, chegam à Suíça trabalhadores de muitas outras
nacionalidades, um excesso de oferta que acaba por se refletir nos
salários. "Os salários estão estagnados", diz, adiantando que dos 25 mil
trabalhadores portugueses sindicalizados no UNIA, a maioria trabalha
nas áreas da construção civil, hotelaria e restauração e limpezas.
A
sindicalista adianta que à margem da legislação laboral têm vindo a ser
descobertos casos "absolutamente escandalosos" de exploração laboral em
que os salários não são pagos ou os trabalhadores recebem muito menos do
que o salário mínimo.
Também ao Luxemburgo continuam a chegar
diariamente portugueses e os pedidos de informações sobre como encontrar
trabalho no Grão-Ducado são constantes, segundo Eduardo Dias, do
sindicato Luxemburguês OGBL. O sindicalista adianta que os níveis de
desemprego se mantém entre os portugueses, que representam cerca de 35
por cento dos desempregados no Luxemburgo, explicando que são
"frequentes os casos" de pessoas que não conseguem encontrar trabalho.
Eduardo
Dias adianta que também no Luxemburgo há casos de exploração laboral,
que envolvem sobretudo trabalhadores deslocados. "Essas situações
acontecem muito mais no destacamento ou seja empresas que vêm (de
Portugal) até ao Luxemburgo fazer trabalhos durante alguns meses e que
pagam salários muito inferiores aos previstos pela lei e pelas
convenções coletivas", disse, adiantando que o fenómeno se agravou com a
crise.
Entre janeiro e novembro de 2012, entraram na à Suíça 17.270
portugueses, segundo dados das autoridades suíças. A comunidade
portuguesa no Luxemburgo está estimada em cerca de 110 mil pessoas,
cerca de 20 por cento da população total do país.
Mundo Português, aqui.