Segundo José Cesário, as irregularidades detetadas,
precisou o secretário de Estado, prendem-se "fundamentalmente com as
comunicações que são devidas às autoridades de emprego portuguesas".
"Apuramos, em articulação com a Autoridade para as Condições de Trabalho
e o Instituto da Segurança Social um conjunto de irregularidades por
parte das empresas que contrataram os trabalhadores colocados na obra de
Berlim", cidade onde ocorreu "aquela grave agressão coletiva" contra
sete emigrantes portugueses, afirmou à agência Lusa.
A inspecção
realizada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) visou a
Magnopolis Empresa Construtora S.A, Construgomes, Engenharia S.A. e CMR
Construções Martins Rego Lda entidades que mantêm trabalhadores na obra
de um centro comercial em Potsdamer Platz, na capital alemã. Numa nota
oficial divulgada à imprensa a 10 de Abril, o gabinete de José Cesário
informa que "nenhuma das empresas" visadas "procedeu à comunicação de
destacamento de trabalhadores, nos termos do número 2 do artigo 8º do
Código do Trabalho".
Autoridades alemãs informadas
A
fiscalização, que fora iniciada ao pedido do Governo a 15 de Março,
apurou ainda que "todos os trabalhadores foram declarados à Segurança
Social portuguesa apenas após os incidentes ocorridos em 8 de março, em
Berlim" e que "não foi emitido o modelo A1 «atestado relativo à
legislação em matéria de segurança social aplicável ao titular»
referente ao destacamento destes trabalhadores".
A mesma nota revela
que a ACT solicitou já "a intervenção das autoridades locais
competentes", estando a aguardar resposta. José Cesário também já pediu a
intervenção do embaixador de Portugal em Berlim. Em declarações à Lusa,
o governante afirmou que estas são "situações com gravidade",
transmitidas às autoridades alemãs "que vão dar prosseguimento a estas
investigações", até porque na referida obra "as três empresas ainda
mantêm cerca de 48 trabalhadores, número que pode vir a duplicar em
breve".
Na noite de 8 de Março deste ano, sete emigrantes portugueses
foram espancados e esfaqueados em Adlershof, no sudoeste de Berlim,
quando voltavam do trabalho e em condições ainda por determinar. A
investigação para apurar as identidades dos agressores continua,
confirmou a Lusa junto da Polícia de Berlim.
José Cesário salientou a
importância de os trabalhadores portugueses comunicarem este tipo de
situações às autoridades portuguesas competentes, vincando que "só assim
é que se pode evitar que a culpa morra solteira". "É muito bom que as
pessoas tenham consciência de que se os factos forem participados há
quem atue", disse o governante, acrescentando que quando um cidadão
português veja os seus interesses atacados no exterior deve dirigir-se
aos consulados, embaixadas e restantes entidades competentes.
O
governante lembrou ainda que antes de emigrarem, os portugueses devem
acautelar um conjunto de questões, quer informações relativamente ao
destino quer questões legais.
A.G.P.
Com Lusa, aqui.