mpresários portugueses do Estado venezuelano de Carabobo (170 quilómetros a oeste de Caracas), queixaram-se hoje da falta de um interlocutor para participar nos acordos de cooperação bilateral entre os dois países e para avançar com investimentos em Portugal.
As queixas foram manifestadas por dirigentes da Câmara Venezuelana
Portuguesa de Indústria, Comércio e Afins (Cavenport), organismo que tem
duas centenas
de empresários filiados, durante um encontro com o deputado socialista português, Paulo Pisco.
Em declarações à Agência Lusa, o deputado explicou que estes empresários "sentem que são discriminados e que toda a sua vontade de investir em Portugal e de criar parcerias é desperdiçada pelo país".
"Este sentimento não é apenas dos empresários das comunidades aqui do Estado de Carabobo, é um sentimento mais ou menos generalizado relativamente ao vasto universo de empresários que existe na Venezuela", disse.
No seu entender "há um imenso potencial que está a ser desaproveitado e que está a ser discriminado por parte da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] e por parte do Governo". E, no seu entender, "não faz qualquer sentido sobretudo num período de crise como aquele que vivemos, em que todos os esforços que são feitos para gerar riqueza e desenvolvimento deveriam ser bem vindos".
"Aquilo que verificamos aqui na Venezuela é que efetivamente existe uma importantíssima relação económica entre os países e com as grandes empresas que têm acordos aqui, mas os pequenos empresários da comunidade portuguesa, que têm a sua atividade em inúmeros setores de atividade - no setor metalúrgico, químico, na indústria, agroindústria, importação, agroalimentar - que gostariam também de participar nesse esforço de desenvolvimento, e manifestaram-me também a intensão de querer investir, não têm interlocutor no AICEP", frisou.
"A AICEP deve mudar de atitude relativamente aos empresários portugueses da comunidade, deve parar com este desinteresse, este afastamento e, em certo sentido, até com esta discriminação relativamente aos empresários das comunidades porque eles possuem um elevadíssimo potencial económico, foi isso que ficou aqui também hoje visível. Querem investir em Portugal, até por razões efetivas, até porque precisam de o fazer para diversificar a sua atividade económica também e não encontram um interlocutor, não encontram os canais adequados para poder fazer esse investimento", sublinhou ainda.
"A AICEP deve mudar a sua cultura e o Governo deve ter isto bem consciente, deve ajudar a AICEP a dotar-se dos recursos que sejam necessários para que todos os empresários portugueses das comunidades que têm intenções de investir o possam fazer e possam sentir-se acompanhados ao longo de todo o processo", concluiu.
Paulo Pisco iniciou na quinta-feira uma visita de seis dias à Venezuela para contatos com a comunidade lusa e autoridades locais.
A Agência Lusa tentou, sem sucesso, contatar com a AICEP em Caracas a fim de obter reações sobre este assunto.
Diário de Notícias da Madeira, aqui.