A expansão do ensino do português vai gerar riqueza para os países lusófonos, disse à Lusa um dos responsáveis por um documentário, realizado nos Estados Unidos, que analisa o aumento dos cursos da língua portuguesa e o valor económico do idioma.
"A expansão do ensino do português vai gerar riqueza para os nossos países, seja por visitarem ou por consumirem os nossos produtos. Para nós, é importante que isso aconteça", disse à Lusa Carlos Wesley, responsável pelo roteiro e apresentação do vídeo documentário "O Ensino do Português Ganha Força no Mundo".
"É o momento dos governos dos países lusófonos perceberem a importância do ensino do português, pois agora não é só uma questão cultural, mas também uma questão económica, que fala mais alto", acrescentou o jornalista brasileiro.
Para Carlos Wesley, deveria haver uma maior aproximação dos países lusófonos, uma maior cooperação dos Estados para a expansão e o fortalecimento do ensino do português.
O vídeo documentário foi produzido pelo portal Brasil Mais (http://brasilmais.com), sítio da internet voltado para a comunidade brasileira nos Estados Unidos e no qual o documentário está disponível para o público, tendo sido patrocinado pelo consulado brasileiro de Miami.
"O Ensino do Português Ganha Força no Mundo" foi apresentado pela primeira vez em maio, no II Encontro Mundial sobre o Ensino de Português, que decorreu na Florida, nos Estados Unidos.
O documentário foi realizado durante o I Encontro Mundial sobre o Ensino de Português, que aconteceu em 2012, também na Florida, tendo recolhido depoimentos de vários especialistas, como Clémence Pastré, da Universidade de Harvard, diversos professores, lideranças e outras individualidades.
"O novo papel de protagonista que o Brasil assumiu de uns anos para cá, no cenário internacional, despertou no mundo inteiro o interesse pelo idioma", referiu ainda o jornalista brasileiro.
"Entrevistámos um rapaz norte-americano, que trabalha num banco de investimentos nos Estados Unidos, que decidiu aprender português com o objetivo de procurar oportunidades profissionais no Brasil", referiu.
Nos dias atuais, de acordo com Carlos Wesley, "muita gente tem buscado manter negócios com o Brasil e isso tem impulsionado a questão do aprendizado do português. O Brasil está na moda".
Carlos Wesley recordou que o Instituto Camões encomendou um estudo que revelou que a língua portuguesa já representa quatro por cento do PIB mundial e cerca de 17% do PIB português.
"Estamos a falar de bilhões de dólares. Isso demonstra a importância económica do nosso idioma", afirmou.
"No vídeo documentário abordamos ainda o ensino do português como língua materna e para estrangeiros", disse.
Para Wesley - que veio do Rio de Janeiro para Miami há seis anos e trabalha na rede de televisão HBO, na secção da América Latina - é fundamental que "os filhos dos imigrantes lusófonos possam manter contacto com a sua cultura e raízes" e o ensino do português é um meio para que isso aconteça.
"Nós temos uma comunidade brasileira muito grande aqui nos Estados Unidos. Não há números oficiais, mas as pessoas indicam que, mesmo com a crise financeira e muita gente a voltar para o Brasil, há cerca de 1,2 milhões de brasileiros no país", indicou, acrescentando que a comunidade portuguesa também é expressiva no país.
"Temos, só no sul da Florida, que é realmente um foco importante do ensino do português nos Estados Unidos, pelo menos cinco associações de ensino de português", disse.
"Em Miami temos também uma escola pública americana com ensino bilíngue, sendo metade das aulas ministradas em português para todos os alunos, americanos, brasileiros e portugueses", sublinhou.
Carlos Wesley disse ainda que "tem aumentado o número de autores que escrevem livros de português para estrangeiros".
"Pensamos também que o português poderá ter, quem sabe num futuro próximo, a mesma importância do inglês ou do espanhol" no mundo, enfatizou.
Lusa / SOL, aqui.