Ana Carrilho
Costuma-se dizer que não há canto do mundo onde não se encontre um
português. O hábito de sair para procurar vida melhor lá fora não é de
hoje e o mesmo sucede na razão inversa.
Nos primeiros 25 anos de
integração europeia, o país conheceu cenários diversos. Quando Portugal
entrou na Comunidade Económica Europeia (CEE), ainda eram mais os
nacionais que saíam do que os estrangeiros que chegavam. A partir de
1993, a situação mudou.
Os fundos estruturais favoreceram a
construção de infra-estruturas, sobretudo estradas e pontes, e o
desenvolvimento do mercado imobiliário com o fomento da compra de
habitação própria.Portugal precisou assim de mão-de-obra estrangeira,
que chegou de diversos países, nomeadamente do antigo bloco soviético.
Dez anos mais tarde, a construção começou a abrandar, a crise deu os
primeiros sinais e os portugueses voltaram a fazer as malas.
As
comunidades portuguesas continuam a ser mais expressivas em França e no
Luxemburgo, mas têm forte presença também na Alemanha, Suíça, Reino
Unido, Venezuela, Canadá e, mais recentemente, em Angola.
Brasileiros,
cidadãos do Leste e dos países africanos de língua portuguesa são os
que ainda se mantêm por cá. A região de Lisboa acolhe metade da
comunidade estrangeira.
Os dados foram agregados no estudo "25
anos de Portugal Europeu", a pedido da Fundação Francisco Manuel dos
Santos, e a compilação abrange um período que vai até 2010.
Daí
para cá, o fluxo de portugueses que emigram intensificou-se, mas com uma
nuance relevante: ao contrário do que acontecia nas décadas de 60 e 70,
os que saem são os mais qualificados.
Rádio Renascença, aqui.