Os emigrantes portugueses que arriscavam ser despejados de um bairro
social no Luxemburgo vão ter mais tempo para encontrar uma alternativa
de habitação.
"Vai haver um prolongamento do prazo para as
pessoas que teriam de sair a 1 de Janeiro de 2014. Mediante as
situações, vão ser dados mais seis meses para que as pessoas possam
encontrar outra solução", revela à Renascença o porta-voz da Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI), Sérgio Ferreira.
"Devem
provar que estão à procura dessa solução - não basta dizer que estão - e
há algumas propostas de soluções alternativas que o Ministério pôs em
cima mesa e que os trabalhadores portugueses poderão aproveitar",
acrescenta. Entre elas estão casas com rendas não tão baixas como as
actuais, "mas com uma renda muito abaixo daquilo que são os valores no
mercado.
Esta é uma das decisões que saiu da reunião que a ASTI
manteve esta segunda-feira com o Ministério da Integração luxemburguês, a
quem foi pedido consideração especial pelas situações mais vulneráveis.
"Os assistentes sociais vão agora entrar em acção, para tentar
perceber da veracidade das declarações dos trabalhadores e para se
encontrar uma solução que seja menos pesada financeiramente para eles",
conta Sérgio Ferreira.
A ASTI vai agora marcar uma reunião ainda
para esta semana, com vista a "explicar convenientemente" aos
trabalhadores "o que foi dito e como podem agir doravante para assegurar
que os seus interesses e direitos são totalmente respeitados".
O
anúncio da ordem de despejo de 15 portugueses do Foyer de Mühlenbach, a
maior residência social do país para imigrantes com dificuldades
económicas foi feito na semana passada.
Construído nos anos 70
para acolher a primeira vaga de imigração portuguesa, o Foyer de
Mülhenbach, situado na periferia da capital luxemburguesa, está dividido
em oito blocos, cada um com seis quartos duplos, além de cozinha e
balneário comum. São habitações de natureza provisória, devendo os
imigrantes permanecer nelas apenas durante três anos.
Mas muitos deles não conheciam a existência de tal prazo e estão nas residências há mais tempo.
Luxemburgo não é o "El Dorado"
Nestas declarações à Renascença, Sérgio Ferreira sublinha que o Luxemburgo de hoje não é o de há 20 anos.
"O
Luxemburgo está também a passar por uma situação menos boa, nada
comparável com Portugal, mas onde a taxa de desemprego tem vindo a subir
ao longo dos últimos anos de forma clara, onde aquilo que o mercado de
trabalho tem para oferecer são postos para os quais são necessárias
qualificações", afirma.
"Muitas vezes, há em Portugal a ideia de
que isto é o El Dorado, que basta chegar e abanar a árvore das patacas,
fala-se em salários mínimos na ordem dos 1.600 e 1.700 euros, mas
esquece-se que, por exemplo, um simples estúdio para uma pessoa morar na
capital dificilmente custa menos do que 900 euros", sustenta ainda o
porta-voz da ASTI.
"A realidade dos salários é uma, o custo de
vida é outra realidade de que as pessoas não têm tanta consciência. O
que devem fazer é informar-se bem antes de partir à aventura para evitar
dissabores, como tem acontecido com muitos portugueses todos os dias",
aconselha.
Renascença, aqui.