"Os partidos do arco do poder continuam a ostracizar a comunidade portuguesa e a estar distantes da realidade do país, quando vivem aqui cerca de 110 mil portugueses", um quinto da população total, disse à Lusa o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL).
"Houve um aumento exponencial do número de naturalizados portugueses desde a aprovação da lei da dupla nacionalidade, e portanto não é por falta de candidatos", sublinhou José Coimbra de Matos.
Dos 540 candidatos aos 60 lugares no Parlamento luxemburguês, só 16 têm origem portuguesa, cinco dos quais integram as listas do partido de direita radical ADR e quatro o Partido para uma Democracia Integral, um estreante nestas eleições. Seguem-se o Déi Lénk (A Esquerda), com três, e o Partido Comunista Luxemburguês (KPL), com dois.
Os socialistas (LSAP), que governaram em coligação com os cristãos-sociais (CSV) na última legislatura, têm uma única candidata de origem portuguesa. Já o partido do primeiro-ministro Jean-Claude Juncker, que se candidata novamente nestas eleições, não tem um único luso-descendente nas listas.
A contagem termina com os Verdes, com um candidato de origem portuguesa, Félix Braz. O luso-descendente é o único eleito de origem portuguesa em eleições nacionais, e o presidente da CCPL teme que continue a ser assim "na próxima década", por causa da "relutância em eleger nomes portugueses".
"Em relação aos novos [candidatos], tenho dúvidas de que se consiga mudar essa mentalidade e que os nomes lusófonos possam singrar, mas espero enganar-me", disse Coimbra de Matos, para quem "a candidata com mais hipóteses de ser eleita é Cátia Gonçalves", dos socialistas.
A assessora do eurodeputado Robert Goebbels, de 28 anos, é vice-presidente das Mulheres Socialistas do Luxemburgo e foi eleita para a assembleia da autarquia de Pétange nas eleições locais de 2011.
Cátia Gonçalves nasceu no Luxemburgo, é licenciada em Comunicação e Política, e já ganhou outra eleição: foi considerada uma das dez mulheres mais bonitas do país pelo jornal l`Essentiel, numa sondagem que incluía três princesas e a atual Miss Portugal no Luxemburgo.
A assessora parlamentar, que é candidata pela primeira vez às legislativas, vai também poder votar pela primeira vez em eleições nacionais, abertas apenas aos luxemburgueses, depois de ter obtido a dupla nacionalidade em 2009.
"Temos atualmente uma população que vota que representa apenas 57% das pessoas que vivem neste pais, e há um défice democrático", lamentou a candidata socialista.
Conceder o direito de voto aos estrangeiros nas legislativas, um dos temas desta campanha, é uma das reivindicações do programa dos socialistas.
"Temos uma situação que é particular na Europa, com 43% de estrangeiros, e podemos chegar a uma altura em que teremos mais estrangeiros do que luxemburgueses. Não é democrático a política do país ser feita pela minoria", defendeu.
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