Os portugueses que vivem no Foyer de Mühlenbach, uma residência social
no Luxemburgo para imigrantes com dificuldades económicas, estão a
receber novas cartas de despejo para deixarem o local até Fevereiro de
2014, apesar das negociações entre as partes.
«Parece-nos pouco
normal e incoerente que depois de o Governo ter alargado o prazo em seis
meses para os primeiros que receberam as cartas [de despejo], venham
agora insistir no mesmo prazo de três meses», disse à Lusa Sérgio
Ferreira, porta-voz da Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes
(ASTI), que tem estado a apoiar o grupo de portugueses desde que
surgiram as primeiras ordens de despejo, no início deste mês.
O
porta-voz criticou também o facto de o despejo voltar a acontecer «em
pleno Inverno», o que já tinha levado a associação a denunciar o despejo
de 15 portugueses a 2 de Outubro. Nessa altura, a ASTI alertou também
para o facto de o despejo incluir «pessoas que estão em situação
vulnerável».
A nova carta de despejo enviada pelo Gabinete
Luxembuguês de Acolhimento e Integração (OLAI), a que a Lusa teve hoje
acesso, data de 21 de Outubro, uma semana depois de o governo
luxemburguês ter decidido alargar para mais seis meses o prazo dado aos
15 portugueses notificados para sair do Foyer, inicialmente fixado até 1
de Janeiro de 2014, propondo também realojar os casos com dificuldades
económicas.
O alargamento do prazo para os portugueses saírem foi
anunciado a 14 de Outubro pelo Governo luxemburguês, na sequência dos
protestos da ASTI e de o despejo ter sido questionado também pela
eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, que apresentou uma
questão ao presidente da Comissão Europeia a 3 de Outubro.
«É por
isso que não compreendemos esta atitude», disse o porta-voz da ASTI,
sublinhando que a associação vai discutir o novo despejo na próxima
segunda-feira para decidir as medidas a tomar.
Ao que a Lusa
apurou, pelo menos três portugueses terão já recebido a carta do OLAI
dando-lhes um prazo de três meses, até 1 de Fevereiro de 2014, para
deixarem o local.
A Lusa tentou ouvir a directora do OLAI,
Christiane Martin, mas a responsável do organismo governamental que gere
os Foyers não esteve disponível.
Construído nos anos 70 para
acolher a primeira vaga de imigração portuguesa, o Foyer de Mülhenbach,
na periferia da capital luxemburguesa, está dividido em oito blocos,
cada um com seis quartos duplos, além de cozinha e balneário comum. Ali
vivem cerca de 90 trabalhadores, a maioria portugueses do sector da
construção.
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