No contexto de recessão de 2009, a imigração estava a diminuir sensivelmente, mas esta tendência mudou novamente em 2010 e "o saldo migratório atingiu um pico recorde em 2013 com um aumento de 13.000 pessoas", refere a SECO, que publicou hoje o seu 10.º relatório sobre a livre circulação das pessoas (ALCP) entre a Suíça e a União Europeia (UE).
O relatório indica que nos anos 1990 a imigração era quase nula (0,59%), mas desde 2002 a população residente na Suíça aumentou 0,96% ao ano.
Entre 2002 e 2013, cerca de 40.700 pessoas emigraram por ano para Suíça e só no ano passado entraram 66.200 imigrantes oriundos da zona UE/AELE, ultrapassando o recorde de 61.200 imigrantes em 2008.
De maneira geral a imigração da Europa do sul aumento sensivelmente desde 2008.
Em 2013, os cidadãos portugueses no saldo migratório de todos os Estados da UE-27/AELC (Associação Europeia de Livre Comércio) era de 20%, enquanto 50% do total de imigrantes era oriundo dos países mais afetados pela crise do euro (Grécia, Itália, Portugal e Espanha).
De acordo com o Observatório Suíço das Migrações (ODM), a população estrangeira contabilizava 1.949.000 de pessoas até dezembro 2013, um aumento de 70.000 pessoas em relação ao ano anterior.
Hoje, uma em cada quatro pessoas residentes na Suíça é estrangeira, diz o documento.
Os italianos e os alemães representam 16% (cada um) dos estrangeiros, seguidos pelos portugueses (13%).
A população estrangeira na Suíça, residente permanente e residente temporária, passou de um aumento de 26.000 pessoas por ano entre 1991-2001 para 40.500 pessoas por ano entre 2001-2013.
Inicialmente, este aumento devia-se à entrada de cidadãos fora de Europa, mas depois o crescimento da população estrangeira começou a ser gerado em grande parte pelos cidadãos europeus desde da entrada em vigor do acordo sobre a livre circulação (ALCP).
Os europeus constituíam 89% do crescimento da população estrangeira na Suíça, distribuída entre os alemães (36%), portugueses (23%), franceses (10%) e britânicos (4%).
O relatório refere ainda que os portugueses, os italianos e os espanhóis trabalham principalmente no setor da construção, da hotelaria-restauração e da agricultura.
Em 2013, com 31% de estrangeiros, o setor da construção registou a maior aumento de mão-de-obra estrangeira dado a boa conjuntura no país. No caso do setor hoteleiro, o número de trabalhadores imigrantes diminui para 33% em 2013.
No caso dos cidadãos portugueses, a taxa de desemprego é mais elevada porque essa comunidade é bastante ativa naqueles setores e porque trabalham em regiões da Suíça onde o desemprego é estruturalmente superior.
Este relatório analisa as consequências do acordo sobre a livre circulação das pessoas no mercado de trabalho suíço e nas prestações da segurança social, como o desemprego ou o apoio social.
Este relatório do SECO, realizado em conjunto com ODM, OFS (Gabinete Federal das Estatísticas) e OFAS (Gabinete das Seguranças Sociais), conclui que o balanço da imigração europeia para a economia suíça é globalmente positivo.
No entanto, o ODM encomendou um estudo externo para continuar a observar a evolução da imigração e compreender o impacto no mercado do trabalho com mais precisão. Os resultados deste estudo deverão ser publicados no próximo outono.
O relatório hoje divulgado alerta também sobre a modificação do artigo 121.º da Constituição federal na sequência da iniciativa contra a imigração, aprovada em referendo dia 09 de fevereiro deste ano, a qual prevê a introdução de contingentes e a prioridade para os trabalhadores locais.
"Em caso de uma limitação importante da imigração nas condições conjunturais e atuais, as perdas a nível de potencial de crescimento e também de consequências negativas sobre o mercado de trabalho poderiam ser sentidas", conclui o documento.
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