"É um espetáculo construído pelo encenador e ator Ricardo Correia, que passou seis meses em Londres, através de uma bolsa da Gulbenkian para estudar teatro, e recolheu testemunhos de portugueses licenciados que emigraram desesperados por trabalho e condições de vida razoáveis", explicou à agência Lusa a produtora Sara Seabra.
A peça "O meu país é o que o mar não quer" retrata, segundo a produtora, "a nova vaga de emigrantes qualificados que não fazem parte dos casos de sucesso relatados pela comunicação social".
Para Sara Seabra, "a ideia de que a nova vaga de emigrantes portugueses qualificados é fruto da globalização e se concretiza em casos de sucesso cai por terra com os exemplos de pessoas que são empurradas para fora do seu país e para empregos que não refletem a sua formação académica".
"Inquietado com a quantidade de emigrantes portugueses que conheceu em Londres e com os seus testemunhos dramáticos, Ricardo Correia dá-lhes corpo e voz para mostrar que vivem numa sociedade e cultura com as quais não se identificam e as suas experiências duras de luta pela sobrevivência", sublinhou.
A produção do espetáculo considera que, "afinal, a emigração de hoje não será tão diferente da emigração de outros tempos", questionando se "será apenas da `troika` e da austeridade imposta nestes últimos anos a responsabilidade da situação".
"Que país é este que construímos e que não tem lugar para nós? Será ainda possível mudar o país em vez de mudar de país?", são as interrogações lançadas durante o espetáculo, com duração de uma hora, em que o encenador e ator principal Ricardo Correia vai saltitando de personagem, transmitindo testemunhos que recolheu, numa combinação de sons e imagens de vídeo projetadas.
"O meu país é o que o mar não quer" vai estar em exibição na Casa da Esquina de sábado a 26 de outubro, de terça-feira a domingo, às 21:30, em formato de câmara, estando prevista a sua versão de palco para abril, no Teatro Académico Gil Vicente.
Segundo a produtora Sara Seabra, está depois prevista uma digressão pelo país, existindo a possibilidade de, no final do próximo ano, levar a peça a países europeus onde existam comunidades de emigrantes portugueses.
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