Os primeiros seis meses de trabalho dos investigadores do
Observatório da Emigração levaram à conclusão de que houve uma mudança nos
países de acolhimento escolhidos pelos portugueses que decidiram emigrar.
Segundo Rui Pena Pires, coordenador da equipa de investigadores, Angola foi um
dos destinos onde a presença de portugueses tem aumentado significativamente,
"mesmo antes desta crise económico-financeira".
O investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do
ISCTE, referiu ainda ao Jornal de Notícias que, a seguir aos países do espaço
europeu tradicionalmente destino dos portugueses que escolhem viver fora de
Portugal, o Reino Unido e a Espanha são aqueles que mais se têm destacado nos
últimos anos.
"Mantém-se, também, alguma emigração significativa para os Estados Unidos,
Canadá e França, mas muito abaixo dos valores que encontramos nos anos mais
recentes", revelou ainda.
Tutelado pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, o Observatório
da Emigração foi formalizado há um ano, através de protocolo assinado com o
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Para coordenar
o trabalho, foi criado o Conselho Científico do Observatório da Emigração,
formado por investigadores do CIES e coordenado pelo sociólogo e professor do
ISCTE, Rui Pena Pires.
Produzir informações sobre a evolução e as características da emigração
portuguesa e sobre a actual situação das comunidades portuguesas espalhadas
pelo mundo, são os principais objectivos do Observatório. Na cerimónia de assinatura
do protocolo, em Maio de 2008, o secretário de Estado das Comunidades destacava
que a criação do Observatório vinha "responder" a uma "ausência de informação"
sobre os portugueses que residem no estrangeiro, facto que decorre das
dificuldades de "acesso a dados fiáveis".
António Braga destacava que o Observatório - que recebeu uma verba anual de
cerca de 75 mil euros - poderia fazer "uma viragem" no conhecimento dos
portugueses emigrados, "identificando as ambições, o enquadramento, as razões
que os levaram a sair, as suas raízes no estrangeiro", além de determinar em
que ponto se encontra o domínio da língua portuguesa por parte dos
luso-descendentes e ainda "que tipo de ligações" os portugueses no estrangeiro
e os seus descendentes "querem ou insistem em manter no futuro, com Portugal e
a administração pública" portuguesa.
António Braga revelava ainda que o material recolhido no âmbito das informações
relacionadas com a história dos emigrantes seria, exposto no futuro Museu da
Emigração, a criar em Lisboa.
Mundo Português, aqui, acedido em 25 de Maio de 2009.