Quatro cientistas portugueses participaram na aula de português de filhos de emigrantes. As 20 crianças, com idades entre 7 e 11 anos, foram divididas em quatro grupos e ouviram as experiências dos investigadores que trabalham no Institut Curie em Paris.
O projeto, que nasceu em 2012 e já chegou a 400 crianças no Reino Unido, procura "internacionalizar-se", contou à Lusa Joana Moscoso, uma das fundadoras da Native Scientist que se deslocou a Paris para participar na primeira sessão em França.
"Queremos replicar o nosso projeto, que está a decorrer no Reino Unido, em França mas também nos outros países onde há uma comunidade portuguesa grande", declarou a microbióloga que está a tirar um pós-doutoramento no Imperial College London.
A exportação do projeto para França surge graças a uma parceria com a AGRAFr - "Association des Diplomés Portugais en France" (Associação dos portugueses graduados em França), "uma associação dedicada a criar uma plataforma de cooperação entre os licenciados portugueses e lusodescendentes que estão a viver aqui em França", explicou Carina Santos, co-fundadora da AGRAFr.
"Em cooperação com o Instituto Camões, o que nós pretendemos fazer é mais atividades nas várias secções internacionais [das escolas] que existem em França e abranger o máximo de crianças possível para que possamos levar a estas crianças uma realidade que não está com elas todos os dias e que é a realidade dos cientistas e aquilo que se passa num laboratório", acrescentou a investigadora em biologia celular no Institut Curie em Paris.
A ideia de levar o projeto Native Scientist para França nasceu quando Anabela Duarte, professora de português e de francês em Paris, tomou conhecimento da iniciativa através de uma reportagem e contactou as fundadoras via Facebook. Objetivo: "Dar outra visão sobre a língua portuguesa".
"A visão da língua portuguesa ainda não é muito positiva. Tem de haver muitos projetos idênticos a este para que a língua seja vista de uma outra forma e para que, de uma vez por todas, os portugueses percebam que a língua portuguesa é importante e temos de ter orgulho em falar português porque é uma porta que se abre para vários países da língua portuguesa", justificou.
O resultado foi "uma partilha super interessante" na Secção Internacional Portuguesa de Chaville, avaliou a professora Catarina Francisco que explicou à Lusa porque é que se associou ao projeto.
"Tudo é falado em português e os alunos tiveram uma partilha de imensas coisas, ficaram a aprender coisas diferentes e têm uma noção completamente diferente do que é ser cientista - o que para alguns era um pouco desconhecido", descreveu.
A Native Scientist é uma organização sem fins lucrativos criada por Tatiana Correia, física, e Joana Moscoso, microbióloga, para combater a exclusão social das comunidades bilingues no Reino Unido, procurando estimular o interesse pelas ciências e pelas línguas maternas. A organização foi premiada pelo Imperial College London e pela UnLtd, promotora do empreendedorismo social.
Os próximos destinos no roteiro dos cientistas portugueses são Jersey (7 de fevereiro) e Londres (9 e 20 de março; 23 de abril; 19 de maio e 23 de junho).
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