A questão, que vai ser colocada aos luxemburgueses numa consulta pública agendada para 7 de Junho, recolhe o apoio de 78 por cento dos estrangeiros, que representam 44 por cento da população no país.
A percentagem de apoiantes do "sim" é mesmo superior entre os portugueses, com 85 por cento a favor, de acordo com a sondagem Politmonitor, realizada para o jornal Luxemburger Wort e a televisão luxemburguesa RTL pelo instituto TNS Ilres.
Para Sérgio Ferreira, porta-voz da Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI), uma das associações que integram a plataforma a favor do direito de voto Migrações e Integração, os resultados da sondagem "vêm demonstrar que os estrangeiros em geral e os portugueses em particular se interessam pela política do país", contrariando um dos argumentos do lado do "não".
"Enquanto português, congratulo-me, e é recompensador perceber que, apesar de todas as reticências que há de uma forma geral em relação à política, os portugueses se interessam por aquilo que se passa neste país, onde vivem e onde trabalham, e onde provavelmente vão passar a maioria da sua vida", disse o porta-voz da ASTI.
Para Sérgio Ferreira, "o paradigma da emigração dos anos 1970, em que se vinha para o Luxemburgo para construir uma casa em Portugal e depois regressar na reforma, já não corresponde à realidade", defendendo que o Luxemburgo deve adoptar "uma cidadania de residência".
"As pessoas vão ficando no Luxemburgo, é aqui que têm a sua vida, é aqui que têm os filhos na escola, e é aqui que vivem todos os dias, e é um motivo de regozijo saber que querem participar e ter uma voz activa", defendeu o porta-voz.
A quatro meses do referendo, a questão divide a sociedade luxemburguesa, com 48 por cento dos luxemburgueses a favor da participação dos estrangeiros nas eleições legislativas do país e 44 por cento contra, havendo ainda oito por cento de indecisos, segundo a sondagem.
"Os resultados não são exactamente aquilo que esperávamos, mas são encorajadores, e há margem para o 'sim' poder vencer", disse Sérgio Ferreira, sublinhando que a plataforma de defesa do direito de voto dos estrangeiros, que integra várias associações e sindicatos, vai participar na campanha no terreno.
Para a plataforma, "a participação política não é um prémio para os estrangeiros", representando "um desafio político e democrático, porque o país não pode permitir-se que uma minoria eleja os seus representantes", defendeu Sérgio Ferreira, recordando que o parlamento luxemburguês é eleito por apenas "cerca de 42 por cento da população".
A participação dos estrangeiros nas eleições legislativas do Luxemburgo é uma das três questões previstas no referendo, além da atribuição do direito de voto a maiores de 16 anos e da limitação de mandatos governamentais.
O texto da pergunta, que vai ser submetido à aprovação da Câmara dos Deputados no final de Fevereiro, estabelece como condição para votar nas legislativas a residência no país há mais de dez anos e a participação prévia em eleições autárquicas ou europeias, as únicas abertas aos estrangeiros.
A sondagem Politmonitor foi realizada para o jornal Luxemburger Wort e a estação de televisão luxemburguesa RTL pelo instituto TNS Ilres, entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro, com uma amostra de 1.025 pessoas com mais de 18 anos.
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