Convidado de honra do jantar de gala de encerramento das comemorações do Dia de Portugal num clube de Joanesburgo, Castro Guerra confessou-se "rendido" à dinâmica social e económica da África do Sul, um país "com um potencial como nenhum outro em África".
Questionado pela Lusa sobre a as razões da debilidade dos esforços de penetração dos produtos e serviços portugueses no mercado sul-africano, o secretário de Estado declarou ser intenção do seu governo inverter a situação, apontando razões históricas como um factor a ter em consideração.
"Depois do 25 de Abril e até 1985 os portugueses residentes no continente andaram fundamentalmente a arrumar a casa, viraram-se muito para dentro, construindo a democracia, lançando o Estado social, centrando-se na resolução de problemas internos. Portugal teve pouco tempo e poucos recursos para olhar para fora, e ao mesmo tempo preparava a fase de entrar na Europa", explicou Castro Guerra.
O governante português referiu que a admissão na Europa comunitária constitui para Portugal "um interregno nas relações históricas com outras partes do mundo".
"Passada essa fase (de ter a Europa como prioridade), tornou-se imperativo perceber que a Europa é também um continente com taxas de crescimento sempre abaixo da média mundial e voltar a olhar para fora da Europa e a diplomacia económica aí está para o demonstrar", salientou Castro Guerra à Lusa.
"Nós tínhamos mais de 80 por cento das nossas importações e exportações relacionadas com a Europa e tivemos de nos virar para outros países do mundo. E naturalmente que definimos prioridades, onde estava a dinâmica, nos países produtores de petróleo, no norte de África, em Angola, em Moçambique, e a minha pergunta é esta: porque não devemos olhar também para a África do Sul?", salientou Castro Guerra.
Depois de visitar Joanesburgo e a Cidade do Cabo, onde tomou contacto directo com a comunidade portuguesa, algumas das suas associações e empresas de portugueses, e participou numa sessão do Fórum Económico Mundial dedicada à economia continental em tempo de crise, António Castro Guerra confessou ter-se "sentido em casa" durante toda a estadia na África do Sul. As energias renováveis foram identificadas pelo governante como uma área importante a explorar pelas empresas portuguesas na África do Sul.
Jornal da Madeira, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009