"É insultuoso que um membro do Governo volte a apelar explicitamente à emigração de jovens desempregados (...) A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, deve um pedido de desculpas aos portugueses, aos que estão no país e aos milhões que vivem no estrangeiro porque lhes foi negada uma vida decente em Portugal", afirmou Paulo Pisco, deputado do PS eleito pelo círculo da Europa, em comunicado enviado à Lusa.
Maria Luís Albuquerque afirmou a 28 de fevereiro, em Mirandela, no lançamento de um livro de um eurodeputado do PSD: "Temos de encarar de uma forma mais relativizada aquilo que é o fenómeno da movimentação dos jovens à procura de oportunidades por esse mundo fora. Hoje um jovem que acaba uma licenciatura tem um mundo à sua disposição".
As declarações da ministra são, para Paulo Pisco, "a prova de que o apelo à emigração sempre fez parte da doutrina do Governo".
"Nunca é demais recordar que o próprio Passos Coelho apelou à emigração e que um eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, até chegou a defender a criação de uma agência nacional para a emigração", em dezembro de 2011, frisou.
Segundo o deputado socialista, "quando a ministra das Finanças apela à emigração de jovens diplomados, nem sequer lhe passa pela cabeça que o destino de muitos é acabarem em trabalhos indiferenciados ou sem qualquer relação com a sua formação, o que é uma tremenda frustração do ponto de vista pessoal e um enorme desperdício de recursos a nível nacional".
Paulo Pisco criticou o Governo por, agindo "com a maior das ligeirezas", parecer "nem se dar conta de que a emigração é sempre a maior evidência do fracasso de uma sociedade que não consegue criar oportunidades para os seus cidadãos, obrigando-os a partir sem saberem aquilo que o futuro lhes reserva".
"Nem tão pouco se preocupa com o gravíssimo problema demográfico que o país atravessa e que a emigração de jovens só agrava", prosseguiu, acrescentando que "só um Governo sem alma nem sentido da história, que ignora a ferida ainda aberta da dramática emigração dos anos 1960 e 1970, pode fazer da emigração um desígnio nacional, o que revela bem o desprezo que tem pelos portugueses".
"A ministra das Finanças e o Governo devem um pedido de desculpas aos portugueses", insistiu o deputado socialista.
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