O primeiro-ministro afirmou no debate quinzenal desta quarta-feira que "não foi a crise que trouxe a emigração" e que o saldo líquido apenas "foi reforçado durante os anos da crise", numa troca de argumentos com a deputada Heloísa Apolónia, que acusou Pedro Passos Coelho de " mentir".
Passos admitiu não estar totalmente satisfeito com os dados que mostram descida do desemprego, mas notou que "algum sucesso foi registado", já que a taxa actual é "inferior à registada no pico da crise, em princípios de 2013".
"Não insista nessa versão de que estatisticamente o desemprego só baixou porque houve emigração, porque houve emigração antes da crise, não foi a crise que trouxe a emigração, já havia emigração antes da crise, é verdade, imagine a senhora deputada", afirmou Passos Coelho, motivando protestos audíveis das bancadas do PEV, PCP e BE.
Em tom irónico, acrescentou: "Ora aí está outra coisa que a oposição não sabe, é verdade, os saldos emigratórios [sic] provam que todos os anos Portugal tinha um saldo líquido emigratório positivo, que foi reforçado durante os anos da crise, e imagine a senhora deputada que apesar disso o emprego aumentou".
"Hoje é dia das mentiras, mas não abuse, não abuse por favor, essa da emigração, querendo agora o senhor primeiro-ministro desvirtuar totalmente a realidade, dizendo que no decurso do seu mandato não houve mais picos de emigração, senhor primeiro-ministro, espere, também não se lembra de ter aconselhado os jovens e os professores a emigrar? Não, diz o senhor primeiro-ministro, mas os portugueses lembram-se", afirmou, recebendo igualmente protestos da bancada do PSD.
A deputada do PEV criticou ainda o programa recentemente lançado pelo Governo para apoiar o regresso de emigrantes portugueses a Portugal: "O que tinham para oferecer eram estágios ou apoiar trinta projectos de empreendedorismo, isto é gozar com as pessoas".
"O senhor não quer encarar a realidade, mas não goze, nem minta, mesmo no dia das mentiras", acrescentou.
No final do debate, a deputada do PEV pediu ainda ao Governo para tomar medidas na sequência de um alerta da Organização Mundial de Saúde sobre o potencial cancerígeno do Glifosato, o "herbicida mais vendido em Portugal".
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