Foi para procurar "uma vida melhor" e para trabalhar "noutro ambiente e experenciar outras culturas e metodologias" que Tiago Castro, 29 anos, decidiu pôr a mochila às costas rumo a Londres. Cidade onde trabalha como engenheiro informático num mercado de trabalho que lhe abriu "outras portas". Foi há pouco mais de três anos. Na mesma altura, em 2011, vários os membros do Governo incentivaram os jovens e os desempregados à emigração.
Desde então, o número de portugueses que saiu do país não parou de aumentar. Em 2013, segundo os últimos dados do INE, foram quase 51 mil os portugueses que deixaram o país para residir no estrangeiro de forma permanente (período igual ou superior a um ano). Dois anos antes, os portugueses nesta situação eram pouco mais de 41 mil.
E o Reino Unido - à excepção dos países de língua portuguesa - é um dos destinos de eleição dos emigrantes nacionais. De acordo com o Observatório da Emigração, há 136 mil portugueses a viver em terras de Sua Majestade (mais 30 mil do que em 2011). Destes, mais de 30 mil registaram-se no registo da Segurança Social britânica em 2013 e, no mesmo ano, 628 passaram a ter nacionalidade britânica.
Mas além dos portugueses, para o Reino Unido, emigraram quase cinco milhões de estrangeiros. É um dos países da Europa que mais recebe imigrantes, principalmente polacos.
Por isso, a imigração está entre as principais preocupações dos partidos britânicos, que durante os últimos anos têm trazido o tema para a agenda política com propostas que provocam polémica. "Todos os grandes partidos britânicos, com excepção dos liberais, têm um discurso contra a imigração. Isso era impensável há quatro anos", disse o eurodeputado do PSD, no programa Europa.28. "O alastramento da nódoa xenófoba e racista pouco humanitária é uma verdade no cenário político", alerta Carlos Coelho.
As propostas mais radicais estão a ser apresentadas pelo UKIP, liderado por Nigel Farage, que quer estabelecer um limite anual de 50 mil imigrantes altamente qualificados e um embargo de cinco anos para outros imigrantes. Mas também os ‘tories' defendem que os imigrantes que entrem no Reino Unido terão de trabalhar durante quatro anos antes de ter direito a subsídios e a habitação social. Proposta semelhante à do partido dos Trabalhistas que entende que devem ser exigidos dois anos de trabalho antes que os imigrantes possam reclamar subsídios de emprego.
Mas, para já, o discurso e ambiente anti-imigração que se sente no Reino Unido tem passado ao lado dos portugueses que estão a viver naquele país. Segundo a embaixada de Portugal no Reino Unido, a comunidade portuguesa "é amplamente reconhecida pela sua contribuição para a economia local" e têm "níveis de integração rápida". Os portugueses que vivem no Reino Unido desempenham "actividades muito diversas" tais como construção, restauração, transportes e agricultura e "cada vez mais, os jovens portugueses optam por estudar ou prosseguir mestrados" naquele país.
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