A ideia que se generalizou na opinião pública portuguesa de que o primeiro-ministro incentivou os jovens portugueses a emigrarem para procurarem emprego no estrangeiro, não passa de um "mito urbano", afirmou esta segunda-feira o próprio governante.
"Desafio qualquer um a recordar alguma intervenção ou escrito que eu tenha tido nesse sentido", afirmou Pedro Passos Coelho em Coimbra, à margem da cerimónia dos 75 anos do Portugal dos Pequenitos. Esclareceu que o que disse na altura foi que "não podíamos estigmatizar aqueles que, não tendo oportunidades [em Portugal], procuravam outras economias para encontrar emprego".
O primeiro-ministro garantiu ainda que só poderia incentivar a sair do país "aqueles que vão em programas de intercâmbio, que procuram a sua formação lá fora e procuram regressar com outra experiência, outra visão". Passos admitiu, no entanto, que apesar de Portugal ter sido sempre um "país de diáspora e emigração", "os últimos anos intensificaram esse processo". "Agora que estamos a retomar o equilíbrio e o crescimento", está na altura que "poder oferecer uma possibilidade" a quem queira regressar, defendeu.
"Precisaremos também de acolher de mais pessoas que ajudem a dar mais dinamismo à nossa sociedade" e de "mais gente que acrescente valor à nossa economia", afirmou o governante. Isto é, imigrantes. "Ainda que consigamos nos próximos anos materializar uma política articulada que remova os obstáculos à natalidade, precisamos de mais gente", insistiu. Naquele que vê como um continente envelhecido, o primeiro-ministro entende que há a necessidade de, "gradualmente e à medida das nossas possibilidades, ir procurando uma política de migração que nos traga aquilo que nos faz falta".
É preciso "inverter a tendência demográfica recessiva", e Passos Coelho entende que o Governo tem "dado alguns passos importantes nesse sentido".
Com a tónica no regresso a um "caminho de crescimento económico", Passos aponta para que se volte a pensar em problemas antigos, como a desigualdade do rendimento. "Um problema que não foi trazido pela crise económica, que precisamos de corrigir para futuro", observa.
Também presente nas comemorações esteve o autarca de Coimbra, Manuel Machado, que chamou à atenção para o processo do Metro Mondego. Aproveitando o "estranho comportamento de titulares de cargos públicos" noticiado pelo PÚBLICO no sábado, o presidente socialista lamenta que a falta de uma solução para o projecto. Machado considera que "a cidade precisa de um moderno sistema de mobilidade".
Às afirmações do autarca, Passos Coelho respondeu que o projecto está a ser articulado com a Comissão Europeia. O primeiro-ministro enquadra o Metro Mondego na lista de "projectos de maior dimensão que não podem ser decididos à escala nacional sem a autorização de Bruxelas". Apesar de não considerar o Metro Mondego uma prioridade no sentido em que haja a necessidade de "apressar a questão para as eleições" , o primeiro-ministro espera que "seja possível conceber uma solução, que não será seguramente aquela que foi pensada" na década de 90.
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