As comemorações do Dia dos Açores que hoje se realizam na cidade canadiana de Toronto, onde vivem cerca de 200 mil portugueses e luso-descendentes, pretendem homenagear uma comunidade que é "um exemplo de integração" num país estrangeiro.
"Num país onde existe uma grande mistura de raças, será talvez das comunidades estrangeiras mais bem integradas. É um exemplo de sucesso de integração", afirmou o embaixador de Portugal no Canadá, Pedro Moitinho de Almeida, em declarações à Lusa.
"Não temos absolutamente nenhuma queixa das autoridades canadianas sobre a comunidade portuguesa, mas temos muitos elogios pela sua integração", acrescentou o diplomata, que chegou ao Canadá no início do ano.
Pedro Moitinho de Almeida salientou que a comunidade emigrante do arquipélago "tem uma presença muito activa na sociedade civil" canadiana, mas frisou que pode "fazer mais".
Para o diplomata, se a comunidade açoriana "está bem integrada e instalada" em termos económicos, ainda tem um longo caminho a percorrer ao nível político.
"Estamos a incentivar uma maior integração na sociedade canadiana e uma maior participação na vida política deste país", referiu o embaixador, recordando que actualmente, no Canadá, apenas dois deputados federais são de origem portuguesa.
Para apoiar a comunidade portuguesa, Portugal possui consulados em Toronto, Montreal e Vancouver, além de uma secção consular em Otava.
"O Canadá é um país muito grande e a comunidade portuguesa está espalhada, mas a maioria encontra-se em Toronto", referiu.
Nesta cidade canadiana, os serviços consulares estimam que vivam actualmente mais de 200 mil portugueses e luso-descendentes, numa estimativa que tem por base os cerca de 170 mil que se encontram oficialmente inscritos naqueles serviços.
"Apesar de ser uma comunidade relativamente recente, já que os primeiros açorianos chegaram aqui há cerca de 50 anos, está muito bem integrada e é bem sucedida do ponto de vista económico e social", salientou a cônsul de Portugal em Toronto, Maria Amélia Paiva.
Na sua perspectiva, torna-se, no entanto, necessária "uma presença mais activa na vida cívica e política canadiana", o que implica uma "participação mais forte nas eleições canadianas".
A par desta bem sucedida integração, os emigrantes não esquecem as suas raízes açorianas, aproveitando ocasiões com as Festas do Divino Espírito Santo, agora a decorrer, para recordar a terra natal.
"Nestas alturas, esquecemo-nos por um bocadinho que estamos no Canadá e sentimos os Açores através da comida, da música e até do sotaque", afirmou Maria José Moniz, enquanto organizava a confecção das Sopas do Espírito Santo, um prato típico deste época festiva.
Da mesma forma, no recinto da festa, Madalena Costa admitiu que aproveita estas oportunidades para "matar saudades de uma terra que sabe valorizar as tradições".
"Os açorianos na diáspora sentem a necessidade de continuar ligados às suas raízes, como forma de afirmar a sua identidade", afirmou o bispo dos Açores, D. António Sousa Braga, que se deslocou a Toronto para participar nas comemorações do Dia dos Açores.
O bispo admitiu que a ligação da comunidade emigrante às suas raízes açorianas "é muito forte na primeira geração, decaiu um bocado na segunda, mas nota-se um interesse renovado na terceira geração".
"Há muitos jovens que manifestam o desejo de ir aos Açores para encontrar as suas raízes", frisou D. António Sousa Braga, convicto que "a tradição não vai morrer na diáspora".
As comemorações oficiais do Dia dos Açores, este ano em Toronto, contam com a presença do presidente do Governo da Região Autónoma, Carlos César.
Jornal Expresso, aqui, 01 de Junho de 2009