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Emigrantes portuguesas para além dos estereótipos...
2016-03-29
Homenagear a mulher portuguesa no seu percurso de emigração. Dar-lhes visibilidade, valorizá-las e contribuir para reduzir os estereótipos que ainda existem na Suíça em relação às profissões que lhes são associadas. São objetivos ambiciosos, mas duas portuguesas conseguiram concretizá-los, através de uma exposição de fotografias que está patente em Nyon, cidade no cantão de Vaud. «Au-delà des clichés: Portraits de femmes portugaises à Nyon en 2016» (Para lá dos Estereótipos: Retratos de Mulheres Portuguesas em Nyon) reúne 170 fotografias, que dão rosto a 165 mulheres portuguesas e lusodescendentes com 47 profissões diferentes, e acabou por ser o tema da Semana de Luta contra o Racismo que a autarquia de Nyon realiza até 9 de abril.

Mariana Mendes e Catarina Antunes tiveram nos últimos anos, caminhos idênticos. A emigração nunca esteve nos seus planos, mas há anos atrás tornou-se uma realidade para ambas, já que os percursos profissionais dos maridos, levaram-nas a emigrar para a Suíça. Mariana Mendes, 47 anos, natural de Lisboa, licenciada em Relações Internacionais. Foi para a Suíça acompanhar o marido, que aceitou o convite da multinacional onde trabalhava em Portugal, para assumir funções em Genebra. O casal e os filhos chegaram há oito anos à Suíça. 
Catarina Antunes, 39 anos, natural de Alverca, também reside há oito anos na Suíça. Licenciada em Gestão de Marketing, foi também a acompanhar o marido, cuja carreira profissional o levou até àquele país.
Em Setembro do ano passado iniciaram um projeto que nasceu de uma situação de ‘clichés' vivida por uma delas, à entrada de um centro comercial da cidade. Mariana Mendes conta ao ‘Mundo Português' que um homem perguntou-lhe qual era a entrada para o supermercado. Referiu que trabalhava nas Nações Unidas e estava há pouco tempo em Nyon. Quando soube que Mariana era portuguesa, fez-lhe um convite de trabalho.
"Perguntou se queria trabalhar para ele porque nas Nações Unidas todos os colegas lhe diziam que as mulheres portuguesas eram as melhores ‘mulheres a dias' da Suíça", recorda, acrescentando que agradeceu, mas disse-lhe que não estava interessada, não estava à procura de trabalho naquele momento, e que, de qualquer maneira, era licenciada em Relações Internacionais "e se calhar poderia estar a fazer o mesmo que ele estava a fazer nas Nações Unidas".
O episódio ficou-lhe "a trabalhar na cabeça", conta, mas, mais do que isso, fê-la perceber que "deveria fazer alguma coisa" para desmistificar a imagem das mulheres portuguesas na Suíça, partindo da realidade que existe em Nyon. A forma encontrada para passar a mensagem foi através de uma exposição fotográfica que desse rosto a estas mulheres e à diversidade de profissões que exercem. 
"Pretendemos mostrar que as mulheres portuguesas são muito boas ‘mulheres a dias', mas há muito mais do que isso, têm muitas outras profissões, são excelentes profissionais em tudo o fazem, são lutadoras", explicou.    

 

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