Foi um desses furgões, carinhosamente chamados de carrinhas pelos portugueses, que sofreu um choque frontal com um caminhão, no qual morreram seus doze passageiros. O motorista e o proprietário do veículo estão detidos na França, onde ocorreu o acidente, por não observarem as regras mais elementares de segurança para os passageiros. Além de estarem praticando, ao que tudo indica, um tipo de transporte clandestino ou o que se poderia chamar de uma espécie de tráfico de passageiros.
Os passageiros das chamadas carrinhas não são constrangidos a esse tipo de transporte, mas optam pelos riscos decorrentes em troca de algumas vantagens. A principal seria a de poderem transportar pesadas malas com mercadorias, tanto na ida como na volta, possibilidade impossível nos voos baratos low cost. Outra vantagem seria a de serem levados pelas carrinhas à porta de seus destinos, sem o tempo perdido nos aeroportos e os sem custos de transbordo do aeroporto para seus pequenos povoados. Essas duas vantagens compensariam o longo trajeto de vinte horas, no mínimo.
Embora esse tipo de transporte seja bastante utilizado pelos imigrantes portugueses, inexistem estatísticas oficiais a respeito. No consulado português de Berna, que engloba sob sua jurisdição os portugueses de Friburgo, de onde partiram nove das vítimas no acidente da carrinha com o caminhão, se desconhece o número desses furgões ou carrinhas, mesmo porque nenhuma das vítimas, embora com permanência legal na Suíça, ali fizera seu registro consular.
Sem estatísticas oficiais, uma avaliação do número de carrinhas existentes só pode ser obtida nas associações, clubes recreativos ou restaurantes portugueses, lugares onde os proprietários desses furgões distribuem discretamente sua publicidade em tipos de cartões de visitas com seus telefones, mas geralmente em endereços, pois, na verdade, essas carrinhas são, na maioria, clandestinas. As empresas oficiais de transportes protestam, mas até agora sem resultados, pois seus concorrentes clandestinos não pagam taxas sobre as passagens vendidas e nem os impostos devidos por uma transportadora.
Ler artigo completo no Correio do Brasil, aqui.