Nos tempos da escola primária, Valdemar Francisco chegou a levantar-se da cama para que outros portugueses recém-chegados ao bairro de lata de Champigny-sur-Marne, no Sudeste de Paris, pudessem descansar. Adelino Gaspar Mota, um carpinteiro então com 18 anos, dormiu lá oito noites. Na casa, de tijolo, arrendada pela família que, em 1960, deixara a freguesia da Palhaça, em Aveiro, não se fechava a porta aos compatriotas, que fugiam à pobreza, à ditadura ou à guerra nas colónias africanas – e que haviam de transformar aquele planalto no maior bidonville habitado por esta comunidade em França.
Na década de 60, o bairro clandestino crescia todos os dias. Quem chegava trazia pouco mais do que a roupa do corpo e um papel com uma morada, que por vezes não sabia ler. Muitos emigrantes nem tinham aprendido a escrever o próprio nome. Em 1961, viviam ali 600 pessoas. Em três anos, o número multiplicou-se – chegou aos 8 mil ou 10 mil. Reportagens publicadas em 1965 calculavam que nobidonville existissem até 15 mil habitantes. Na televisão francesa chamaram-lhe "o enclave português".
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