A decisão não está nas mãos deles e é como meros espectadores – uns mais ansiosos do que outros – que assistem a uma campanha que pode afastar o Reino Unido da Europa e bloquear a livre circulação que lhes abriu as portas do país. Há quem tenha se inquiete com o futuro, quem esteja preocupado com a situação dos outros portugueses que chegaram há menos tempo e quem ainda não acredite que a ruptura com a União Europeia pode mesmo acontecer. Mas deixar Londres, a cidade a que já chamam casa, é uma opção que poucos têm em cima da mesa.
É a sul do Tamisa, encravado entre as grandes construções que estão a mudar a cara e o perfil das zonas de Vauxhall e Stockwell, que os letreiros denunciam o reduto português na metrópole londrina. A Portugal Bakery, a Luso Wines ou o Estrela Bar são alguns dos estabelecimentos que se alinham ao longo da South Lambeth Road e ali o português é a língua franca, mesmo que muitas vezes misturado já com o inglês. Só ali, no Little Portugal, como já chamam à zona, vivem cerca de 40 mil portugueses e lusodescendentes, parte de uma comunidade que se começou a instalar há mais de 30 anos, com a chegada de emigrantes madeirenses.
Do outro lado da estrada ergue-se a biblioteca local, um porto de abrigo para uma vizinhança, onde Patrícia Marcelino começou a organizar aulas de inglês pouco depois de ter chegado a Londres, há cinco anos. Veio, com a filha de 16 anos, terminar um doutoramento que a vida e o voluntariado ainda não lhe deixaram acabar. “Percebi que havia muitos portugueses aqui que não falavam inglês e começámos a organizar aulas semanais”, explica na ampla sala da biblioteca, onde nas quatro mesas ao centro todos os sábados à tarde entre 12 e 20 pessoas, sobretudo adultos, se juntam para aprender noções básicas da língua. Sem necessidade de inscrição, sem pagamento ou presenças obrigatórias. “Basta vir e sentar-se.”
Ler artigo completo no Público, aqui.