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Arquivo do antigo Diário de Noticias publicado nos EUA está online
2009-05-13
Mais de 84 mil páginas do antigo jornal Diário de Noticias, criado e publicado nos Estados Unidos entre 1919 e 1973, foram digitalizadas e estão agora disponíveis para consulta gratuita na Internet.

O antigo jornal diário iniciou a sua publicação a 25 de Janeiro de 1919, na altura chamando-se Alvorada, e mudou de nome em 1927 para Diário de Notícias. Durante décadas, foi o único jornal português criado e publicado nos Estados Unidos, chegando a circular por todo o país até 1973, altura em que o seu dono, João Rocha, se reformou.

Agora, mais de 84 mil páginas desde que o jornal foi criado em 1919 estão disponíveis num arquivo digital criado pelo Centro de Dartmouth para Estudos e Cultura Portuguesa, da Universidade de Massachusetts, no que é considerado o maior esforço para preservar um jornal étnico.

"A razão pela qual este jornal se tornou uma obsessão para mim foi porque se trata do documento mais importante da História portuguesa-americana, particularmente no Massachusetts e em Rhode Island", afirmou Frank Sousa, do Centro de Dartmouth para Estudos e Cultura Portuguesa.

Guilherme Luiz, o empresário que comprou o jornal em 1919, na altura um semanário que transformou em diário publicado de segunda a sábado, chegou por volta de 1880, na segunda vaga de emigrantes que foi para os EUA procurar trabalho na indústria têxtil.

O jornal serviu, no início, a comunidade portuguesa concentrada no Sudeste de Massachusetts e Rhode Island, que continua a ser a maior nos EUA, alargando a circulação a todo o país via correios.

Os correspondentes do jornal acompanhavam as comunidades portuguesas na Califórnia, Nova Iorque, Long Island, Nova Jérsia, Connecticut, Rhode Island.

Segundo Frank Sousa, entre 1932 e 1968, quando Oliveira Salazar estave à frente do Governo português, a censura aplicada aos jornais em Portugal não chegou a este jornal de New Bedford, que teve espaço para debate entre apoiantes e críticos do regime, chegando mesmo a empregar vários jornalistas exilados.

O jornal foi então banido em Portugal devido à sua cobertura politica, explicou Manuel Calado, que foi editor do jornal, que "era contra a ditadura", entre a década de 50 e o fecho em 1973.

Após a doença daquele que se tornou o dono da publicação a partir de 1940, João Rocha, o jornal acabou por fechar, tendo como sucessores O Jornal e o Portugueses Times.

A Universidade de Massachusetts herdou então os arquivos, que estavam em avançada fase de deterioração, que agora digitalizou numa operação que custou mais de 130 mil dólares, desembolsados por várias entidades, entre elas a Região Autónoma dos Açores.

Frank Sousa contou ainda que, pouco após o inicio da disponibilização do arquivo, recebeu um e-mail do presidente da Região Autónoma dos Açores, Carlos César, a dizer que esteve horas a pesquisar, procurando histórias de amigos e familiares que emigraram para os Estados Unidos.

Jornal Público, aqui, acedido em 14 de Maio de 2009

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