Rita Maia, 41 anos, natural de Famalicão, e o marido, José Cardoso, não irão esperar pelos tempos difíceis que preveem vir a pairar sobre o Reino Unido, caso a saída da União de Europeia ganhe no referendo da próxima quinta-feira.
"Tomámos a decisão de sair. É difícil. Não era este o momento de voltar".A preocupação do casal pode servir como o retrato das inquietações que têm chegaram até ao secretário Estado das Comunidades Portuguesas. José Luís Carneiro responde-lhes pedindo calma: o "Brexit" é, essencialmente, uma gigantesca incógnita. Mas a verdade é que uma saída terá, à partida, uma gigantesca consequência: deixando de ser parte do bloco dos 28, o Reino Unido terá que decidir como trata os cidadãos europeus: se estrangeiros como o são, hoje, os não europeus; se como europeus com algum acordo especial.
José Luís Carneiro lembra que a vida é bem mais dificultada para quem não é europeu e quer trabalhar no Reino Unido. "Para um trabalhador não europeu obter um visto de trabalho é necessário ter estudos superiores e um salário mínimo anual de 20.800 libras. Se se aplicasse estas regras aos 2,2 milhões de trabalhadores da UE que vivem no Reino Unido, três quartos não preencheriam esses requisitos".
E os mais afetados seriam "os trabalhadores da construção civil, da restauração, da hotelaria e da indústria. Considerando os portugueses inscritos na segurança social, um terço não tem essas classificações superiores". Se forem enquadrados como estrangeiros, portanto, perdem o direito ao trabalho.