"É raro o dia em que não me perguntam quando é que me vou embora e se penso voltar ao meu país", desabafa Cláudia, portuguesa de 43 anos que reside em Inglaterra desde 2014. Após o resultado do referendo que favoreceu o Brexit, Cláudia sente que "Inglaterra é um país perigoso para estrangeiros" e "não sabe para onde ir".
"Inglaterra reconheceu o meu mérito, porque precisa de gente para trabalhar e reconhecem as nossas qualificações, mas não consigo viver neste país se todos os dias tiver medo de ir trabalhar com medo de ataques. Não sei como é que amanhã saio de casa para o trabalho, tenho medo. É assustadora a reacção das pessoas", elaborou a Cláudia, sendo uma das muitas estrangeiras a viver num limbo que já valeram agressões, cuspidelas e campanhas de ódio contra portugueses. "Go away, go away foreigners", é uma das frases que grupos do UKIP e Britain First têm proferido no metro de Londres, por exemplo. Como é que será a partir de agora?
Mas a história remonta a 2014, período das eleições europeias e dos primeiros sinais de popularidade do partido responsável pelo referendo, o UKIP de Nigel Farage. Desde que chegou a solo britânico, logo recebida com os outdoors e autocolantes do UKIP onde se lia "Out with EU immigration", Cláudia tem vivido na pele "a normalização do racismo", no local de trabalho e no dia-a-dia. Durante seis meses, Cláudia trabalhou sob a tutela de um supervisor simpatizante do UKIP: "Dizia-me com frequência que era nacionalista e que tinha que defender as fronteiras de pessoas como eu, dizendo que viemos para cá viver de subsídios. Eu não tenho direito a subsídios", explicou.
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