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Os luso-descendentes já ganharam o Euro
2016-07-09
O autarca Paulo Marques e o realizador Christophe Fonseca são dois luso-franceses com carreiras de sucesso em França. Ambos estarão a apoiar a equipa de Fernando Santos no domingo e garantem que Portugal passou a ter uma boa imagem no país onde nasceram.

São descendentes da grande vaga de emigração portuguesa para França nas décadas de 1960 e 1970. Sentem-se completamente franceses, estão representados na política, economia ou cultura, mas nunca perderam os laços com Portugal. Este domingo vão assistir à final do Euro 2016 já com o título de campeões assegurado, seja qual for a equipa que saia vencedora do Stade de France, em Saint-Denis, Paris. Apesar de tudo, não escondem que ficariam mais realizados se fosse a selecção dos seus pais e avós a fazer a festa.

Paulo Marques, presidente dos Autarcas Portugueses de França, autarca de Aulnay-sous-Bois, um subúrbio de Paris e conselheiro territorial da metrópole da capital, é um destes luso-descendentes que sonhou com uma final entre as selecções dos países do seu coração. Este domingo vai estar em Lisboa para assistir ao jogo decisivo com os portugueses e admite a preferência pelo triunfo da equipa de Fernando Santos. “Penso que é a vez de Portugal chegar ao topo do futebol europeu. Esta posição é comum a muitos franceses de origem portuguesa que conheço”, garantiu ao PÚBLICO.

Nascido há 46 anos num dos bidonvilles nos arredores de Paris (bairros da lata onde muitos portugueses se instalaram no século passado), Paulo Marques é um dos inúmeros casos de luso-descendentes que tiveram uma integração de sucesso na sociedade francesa. Ao todo, a comunidade de portugueses em França, segundo este autarca, ultrapassará os 1,5 milhões, contando com aqueles que já nasceram nestas paragens, o que a torna na mais representativa do país.

“O peso da comunidade portuguesa em França é extremamente importante, seja através das mais de 45 mil empresas dirigidas por portugueses ou luso-descendentes, mas também através do peso dos autarcas, essencialmente desde 2014. Há cerca de quatro mil autarcas de origem portuguesa, três deputados, vários conselheiros regionais e conselheiros territoriais. E as autarquias representam 50% da actividade económica deste país, através das colectividades territoriais”, explicou, referindo que Portugal é hoje uma nação com uma boa imagem em França.

“Deixou de ser um país totalmente desconhecido para os franceses, que gostam de ali passar férias ou as suas reformas, por se sentirem em segurança. A dinâmica dos portugueses já nascidos em França, que estão em variadíssimos postos de decisão, contribuiu igualmente para reforçar uma imagem positiva. Trata-se de um caso de uma boa integração sem desintegração. Ou seja, sem perderem os laços com Portugal.”

 

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