Segundo dados estatísticos nacionais e internacionais, Portugal tem a sétima maior comunidade de emigrantes no mundo. No âmbito do "Colóquio sobre as políticas para a juventude, cultura e associativismo nas comunidades portuguesas", foram apresentados na Universidade Lusófona dados estatísticos das comunidades portuguesas, com base em dados públicos do Instituto Nacional de Estatística (INE), da Organização da Cooperação para o Desenvolvimento Económico (OCDE) e das Nações Unidas. Segundo Ana Cristina Ribeiro, da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, dados da OCDE publicados em 2007 evidenciam Espanha e Suíça como os maiores destinos de emigração portuguesa nos últimos anos. "Com 1.049.500 emigrantes portugueses no mundo, Portugal possui a sétima maior comunidade do mundo", afirmou.
Quanto aos países de destino, os dados entre 2003 e 2006 revelam um aumento significativo de emigrantes portugueses a deslocarem-se para a Suíça e para a Espanha. A França, o Reino Unido e o Luxemburgo são outros destinos frequentes da emigração portuguesa.
Entretanto, a investigadora Helena Rato, do Instituto Nacional de Administração, divulgou dados que indicam que, por cada 15 novos imigrantes que chegam a Portugal, há 100 portugueses que saem para trabalhar no estrangeiro. Segundo a investigadora, esta informação contradiz a noção de que Portugal há muito deixara de ser um país de emigrantes.
Na realidade, defende, "o panorama antigo continua a ser muito actual".
A informação divulgada indica também que, destes "novos emigrantes", uma "percentagem ínfima" é de trabalhadores qualificados, e que a maioria vai para Espanha e para o Reino Unido.
Adicionalmente, "a informação disponível permite estabelecer o seguinte diagnóstico: verifica-se uma tendência ao aumento da população emigrante com menos de 29 anos de idade, enquanto que o ritmo de emigração da população mais velha tende a manter-se constante; a taxa de crescimento da emigração permanente é superior à da emigração temporária; na emigração permanente verifica-se uma quase paridade entre os dois sexos, enquanto que a emigração temporária permanece essencialmente masculida; a emigração de trabalhadores qualificados tende a crescer mais do que a dos trabalhadores não qualificados."
Estes dados foram publicados pela doutora Helena Rato num artigo publicado no anuário ‘Janus2008'.
INE não publica dados
Ainda assim, esta nova rea-lidade permanece pouco estu-dada. Ao Emigrante/Mundo Português, Helena Rato sublinhou que desde 2003 que o Instituto Nacional de Estatística terá deixado de fazer inquéritos e de re-colher dados sobre o assunto. Mafalda Durão Ferreira, ex-subdirectora-geral dos Assuntos Parlamentares, afirma que a inexistência de números reais sobre a emigração "alivia as estatísticas do desemprego".
Como noticiámos na última edição do jornal, o Governo prometeu para breve a criação de um Observatório da Emigração. O Observatório irá revelar dados estatísticos sobre as comunida-des portuguesas no estrangeiro, congregando entidades estatais que produzem estudos estatísticos e académicos.
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