Ao contrário do que é costume afirmar-se, a crise, quando chega, não é para todos. Mas, mesmo não sendo, é-o pelo menos para muitos. Que o digam os 26.800 residentes em Portugal que abandonaram o país em 2007.
Dados do organismo europeu de estatística, o ‘Eurostat', divulgados em meados do mês de Setembro, indicam que a emigração em Portugal aumentou na ordem dos 111 por cento de 2006 para 2007.
Efeitos da crise?
Há dois anos, tinham emigrado 12.700 residentes em Portugal. Em 2007, esse número ascendeu a 26.800 pessoas, número que inclui não só portugueses, mas também estrangeiros que optaram por voltar aos seus países de origem.
Estes dados foram confirmados por um outro organismo internacional, a OCDE (Organi-zação para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), e permitem fazer uma nova avaliação de como a crise económica que o país atravessa - situação que se verifica também um pouco por toda a Europa - está a afectar os portugueses.
Espanha, Suíça e Benelux
De facto, uma análise aos países que mais portugueses receberam nos anos de 2006 e 2007 (Espanha, Suíça e países do Benelux, por exemplo) permite perceber que os emigran-tes de Portugal optam por procurar melhores condições de vida em países com um crescimento económico superior ao português e onde haja escas-sez de mão-de-obra pouco qualificada.
A França, o Reino Unido, Andorra e Angola foram outros dos destinos escolhidos pela emigração portuguesa. Só em Angola, por exemplo, já viviam 60 mil portugueses em Julho último, e este valor tem tendência para continuar a aumentar nos próximos meses.
‘Emigrantes' residentes
Aos portugueses que decidiram emigrar nos últimos dois anos podem ainda somar-se os 63.300 residentes em Portugal que trabalham no estrangeiro. O Instituto Nacional de Estatística revela que Espanha é o principal destino destes trabalhadores, que vivem junto à fronteira ou que regressam a Portugal aos fins-de-semana depois de uma semana de trabalho em áreas como a cons-trução civil, a agricultura, a pesca, a restauração ou a hotelaria.
Este valor tem vindo a crescer desde 1998, e aumentou mesmo para mais do dobro em apenas 3 anos. Em 2005, o total de residentes em Portugal que trabalhavam no estrangeiro era de 27.500.
Ainda assim, e voltando aos dados do ‘Eurostat', no saldo entre os que partem e os que ficam, Portugal obteve um acréscimo de 19.500 pessoas, na sua maioria provenientes do Brasil, de Cabo Verde e do leste da Europa.
Mundo Português, aqui, acedido em 26 de Janeiro.