Uma família, como tantas outras, de férias, entre tílias, camélias, magnólias e outras árvores dos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. Nuno, Mafalda e a filha, Francisca, conversam em português, como de costume, mas a menina fá-lo com uma certa cadência britânica e por vezes responde em inglês.
Mafalda Ferreira foi sozinha. É engenheira alimentar. Surgiu-lhe a oportunidade de trabalhar num projecto de análise sensorial, uma ciência que utiliza os sentidos para avaliar as características de produtos, em Inglaterra. Dois anos e estaria de volta. O marido ficaria com a filha. “Comecei a sentir-me sozinha”, diz ela. “Comecei a sentir muitas saudades da mãe”, diz a filha.
Nuno já tinha assumido um papel preponderante na educação da filha. Estudara gestão e contabilidade e abrira uma empresa de construção. Há oito anos, pouco depois de Francisca nascer, estava o sector quebrado, mudou o escritório lá para casa. “A decisão [de partir] não foi difícil”, afirma. “É uma experiência. É bom para a Francisca. A área da construção está como está.”
Nuno, agora com 42 anos, assumiu um lugar que, na emigração tradicional, estava reservado às mulheres. Mafalda, agora com 35, assumiu um lugar que, na emigração tradicional, estava reservado aos homens. Ele cuida da filha, trata da casa e trabalha em part-time numa escola de primeiro ciclo como assistente de um professor. E ela, que entretanto foi descoberta por um caçador de talentos, lidera um projecto numa multinacional. Os dois anos de emigração já vão em quatro.
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