O supercomputador Titan, residente nos EUA, contém um número abismal de transístores, mais propriamente 177 biliões, e aproximadamente 5 ligações entre cada transístor. Superior ao Titan, o cérebro humano tem cerca de 100 mil milhões de neurónios, cada um deles ligado a 10 mil neurónios, transmitindo sinais de neurónio para neurónio através de mil biliões de sinapses. É este o potencial do cérebro humano.
Os cerca de 260 mil Portugueses que emigraram desde 2008 a 2014 (segundo dados da Pordata) representam este potencial perdido. Apesar desta situação, o concurso Valorização do Empreendedorismo Emigrante (VEM) lançado em Julho de 2015 não conseguiu mais do que captar cerca de 80 Portugueses. A questão que se levanta é por conseguinte: Porque é que os jovens emigram e não querem voltar? Numa primeira análise, podíamos responder com o simples argumento de que não há trabalho. Contudo, esta questão exige uma análise histórica e contextual.
Esta emigração atingiu números que ultrapassam o máximo histórico registado no final dos anos 60, em plena guerra colonial. Nessa altura, a emigração fazia-se a partir de uma população sem instrução, que não tinha meios de subsistência, mas que queria viver em Portugal e ansiava um dia voltar. A emigração actual é diferente. Os jovens conhecem a realidade internacional, possuem conhecimento tecnológico e são empreendedores. Ainda para mais, a grande maioria é bem formada e com menos de 30 anos. De acordo com um estudo recente feito pela empresa Zurich, 57% dos jovens até aos 24 anos já vive fora do país ou admite emigrar. O investimento feito na formação destes jovens custa a Portugal (segundo dados da OCDE) cerca de 100 mil euros para um aluno percorrer o caminho desde o ensino básico ao ensino superior. Se assumirmos que 30% dos cerca de 37 mil portugueses que emigraram todos os anos de 2008 a 2014 já tinham um curso superior, isto significa um investimento português de 1200 milhões de euros!
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