Pouco mais de 200 mil emigrantes puderam votar para o Parlamento Europeu, um escrutínio que decorreu ao longo de três dias e em que participam pela primeira vez os portugueses residentes fora da Europa.
Mas a afluência às urnas das comunidades portuguesas radicadas no estrangeiro foi fraca como ilustrou a participação em França. Até às 16 horas de hoje (hora de Lisboa), a Direcção Geral da Administração Interna (DGAI) informava que estavam apurados os votos em seis dos oito consulados naquele país. Do total de 51.217 portugueses inscritos em França, tinham votado 497 eleitores. Uma percentagem de 0,97 por cento de votantes. Na Alemanha, e quando faltava ainda apurar os votos em um dos quatro consulados portugueses, tinham votado 322 portugueses, cerca de 3,40 por cento do total de inscritos (9.389 eleitores).
No Luxemburgo, quando todos os votos já tinham sido apurados, votaram 5,1 por cento dos 1.786 eleitores inscritos. No total, foram contabilizados apenas 91 votos. Pior cenário verificava-se no Reino Unido, segfundo informação da DGAI. Apurados os votos em um dos dois consulados, dos 175 eleitores inscritos, nenhum tinha exercido o direito de voto.
No geral, no continente europeu, com o apuramento concluído em 19 dos 29 consulados, tinham votado 1712 portugueses, de entre um universo de 73.238 eleitores. Em percentuais, o número de votantes era de 2,34 por cento.
No continente americano, apurados os votos em 19 dos 25 consulados portugueses, de um universo de 78.068 eleitores, tinham votado apenas 1.760 cidadãos portugueses, cerca de 2,50 por cento. A título de exemplo, no Canadá e com os resultados nos quatro consulados apurados, do total de 9.415 inscritos, votaram 190 portugueses, ou seja, 2,02 por cento do universo eleitoral português naquele país. Na Venezuela, terminado o apuramento, segundo a DGAI tinham votado nos dois consulados portugueses (em Caracas e Valência) , 363 eleitores (7,4 por cento), de um universo de 4.904 inscritos.
Em África estavam inscritos no recenseamento eleitoral 11.124 portugueses. A meio da tarde de hoje, quando ainda estavam por apurar os votos em dois consulados, 745 tinham votado para s Europeias (6,7 por cento do total de eleitores).
Na Ásia e Oceania, quando tinham sido apurados os votos dos consulados de Goa (Índia) e Dili (Timor-Leste), estavam contabilizados 120 votos, cerca de 6,2 por cento dos eleitores, num univerdo de 1.936 inscritos. Por conhecer estavam ainda os resultados das eleições na Austrália (Sidney) e na China (Macau).
Fraca afluência
Já no balanço provisório feito nos dois primeiros dias da votação nas comunidades (5 e 6 de Junho), fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, dava exemplos da fraca afluência.
De acordo com o cônsul-geral de Portugal em Paris, Luís de Almeida Ferraz, votaram em Paris 73 pessoas no primeiro dia, 60 no segundo e 65 até ao meio-dia de 7 de Junho. Em Londres, poucas dezenas de portugueses votaram no consulado de Londres, onde estão registados 1 224 eleitores, estando o posto consular quase deserto durante o fim-de-semana.
António Linhan, militante activo do Partido Comunista Português, foi um dos que se deslocou no primeiro dia de voto, mas reconheceu que as eleições europeias provocam "menos interesse do que as legislativas ou as presidenciais".
Durante o fim-de-semana, as urnas permaneceram no interior dos postos consulares, não tendo sido providenciada nenhuma segurança adicional, além do alarme contra roubo instalado.
A afluência às urnas na Venezuela também foi baixa, com 363 votos contabilizados até às 13 hortas do dia 8. Na Venezuela, podiam votar 4.904. Na África do Sul, com o total de votos apurados, os resultados indicavam que 6,29 por cento de eleitores deslocaram-se aos consulados, num universo eleitoral de 7.598 inscritos. Foram apurados 476 votos.
No dia 7, uma família de três pessoas percorreu hoje 400 quilómetros, de Free State a Joanesburgo para votar, mas também aproveitou a viagem "para visitar familiares".
Nestas eleições para o Parlamento Europeu votam pela primeira vez presencialmente todos os emigrantes portugueses.
Anteriormente, apenas os emigrantes residentes na Europa podiam eleger deputados europeus, através de votação por correspondência. O alargamento do voto para o Parlamento Europeu aos emigrantes portugueses Fora da Europa foi aprovado em finais de 2005 pelo PSD, PS, CDS-PP, tendo sido consagrado o voto presencial para esta eleição à semelhança do que já acontecia na eleição para o Presidente da República.
A Comissão Organizadora do Recenseamento Eleitoral dos Portugueses no Estrangeiro (COREPE), dependente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, começou a enviar os cerca de 240 mil boletins de voto para o estrangeiro, três semanas antes do escrutínio, correspondentes ao número total de eleitores, mais 20 por cento de boletins, como prevê a lei.
Em declarações à Agência Lusa, fonte da COREPE admitia que não haveria desdobramento de mesas devido às dificuldades em reunir as condições necessárias à instalação de assembleias de voto fora das instalações consulares.
A.G.P.
Mundo Português, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009