Dados dos registos municipais de Espanha, divulgados pela Agência Lusa indicam que a comunidade portuguesa residente naquele país duplicou entre 2005 e 2008. Os 66.236 portugueses referenciados em Janeiro de 2005 passaram no mesmo mês de 2008 a serem mais de 136 mil, de acordo com números do «Padrão Municipal», a base de dados que reúne os registos dos residentes de todos os municípios espanhóis.
Os dados estatísticos dos últimos anos confirmam a tendência de forte crescimento que a comunidade portuguesa registou até finais de 2007. Segundo estes registos, a comunidade portuguesa cresceu mais de 22 por cento entre 1 de Janeiro de 2007 (111.575) e 1 de Janeiro de 2008 (136.171). Desde 1 de Janeiro de 2005 - quando estavam registados 66.236 portugueses - a comunidade duplicou em dimensão, consolidando-se como a 14ª comunidade estrangeira em Espanha e a sexta europeia.
Se em 2005 os portugueses representam 1,78 por cento do total de estrangeiros, um ano depois já representavam 2,59 por cento, sendo das comunidades estrangeiras que mais cresceu. As maiores comunidades portuguesas residem na Galiza (cerca de 18 mil), em Madrid e na Catalunha (cerca de 15 mil em cada), em Castela e Leão (cerca de 14 mil) e na Andaluzia (cerca de 10 mil).
Importa ainda contrastar os dados do registo municipal - que inclui portugueses fora da força laboral activa - com os dos contribuintes para a Segurança Social, que conta por isso quem está a trabalhar no país. Neste caso, os dados são mais actualizados (até ao fim de Novembro de 2008) denotando uma descida de 13 por cento, em grande parte devido à crise económica do país, segundo a Lusa.
Em Janeiro último, estavam inscritos um total de 82.783 contribuintes portugueses e em Novembro (últimos dados disponíveis) esse número tinha caído para 71.649, numa tendência de descida que começou desde o início do ano. Esta queda surge após anos de crescimento sustentado do número de portugueses a trabalhar em Espanha: entre finais de Setembro de 2006 e Setembro do ano passado, por exemplo, aumentou 19,6 por cento.
A somar a estas perdas de postos de trabalho para portugueses em Espanha, há que contabilizar os de milhares de outros que, nomeadamente na área da construção, trabalham para firmas portuguesas e cujos descontos se realizam em Portugal.
Um valor que só se consegue medir parcialmente, pelo menor tráfego de carrinhas com trabalhadores portugueses para Espanha, segundo representantes sindicais portugueses. Só no início de 2009 se saberá até que ponto a crise económica, a perda de emprego e a queda no número de contribuintes se reflectirá nos registos municipais, alterando assim a tendência de crescimento da comunidade verificada nos últimos anos.
A comunidade brasileira é a maior lusófona a residir em Espanha, com cerca de 142 mil pessoas a 1 de Janeiro de 2008, estando ainda registados no país 6.550 cidadãos da Guiné-Bissau, 4.246 de Cabo Verde e 4.081 de Angola.
Mundo português, aqui, acedido em 23 de Janeiro de 2009.