Título O impacto da emigração na relação conjugal. Estudo exploratório com casais portugueses imigrados em França
Autor Gabriela Mónica Banrezes Cunha
Orientador Cidália Duarte
Ano 2014
Institutição Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto
Grau Mestrado
Área Psicologia
Palavras-chave Conjugalidade, acontecimentos/transições de vida, migração, intimidade, conflitos
URI https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/79436
Resumo
Numa época em constante transformação, é pertinente pensar acerca das mudanças que afetam os indivíduos e suas famílias, qual o impacto que uma transição como a emigração tem nos indivíduos e suas relações conjugais e, como os casais se adaptam às mudanças. Dada a ausência de investigação neste domínio da emigração, este trabalho tem como principal objetivo compreender a vivência conjugal ao longo desta transição, através da análise das mudanças com maior impacto na relação conjugal, explorando o impacto das mudanças ao nível da intimidade e conflito conjugais e, quais os principais apoios que estes casais encontraram. Através de uma abordagem metodológica qualitativa, com base num guião de entrevista semiestruturado, entrevistaram-se 11 casais casados ou em união de facto há pelo menos dois anos e, com um tempo de imigração entre 2 e 10 anos. Os principais resultados sugerem que a despoletar esta transição de emigração estão fatores resultantes do contexto socioeconómico no qual estes casais estão inseridos, assim como, fatores familiares e conjugais. Ao longo desta transição, mudanças como a estabilidade financeira alcançada, a necessidade de resolver problemas em conjunto e, ainda a reduzida rede social, parecem ter um impacto benéfico na conjugalidade, nomeadamente ao nível da intimidade e conflitos. Verificou-se que estes fatores resultam numa maior partilha de tempo, atividades e apoio entre os cônjuges e, em alterações ao nível da comunicação conjugal. Concluiu-se ainda que estas mudanças relacionais, percecionadas enquanto intimidade, correspondem às expectativas iniciais e, são valorizadas como fundamentais para o bem-estar dos indivíduos e na manutenção da relação ao longo desta transição. Os resultados revelam ainda que esta transição, sobretudo numa fase inicial implica um aumento de conflitos, ainda que posteriormente se registe uma diminuição. Os principais motivos apontados por estes casais são a fase inicial de adaptação, sendo que posteriormente as relações extrafamiliares e as diferentes formas de aculturação assumem maior relevo. As estratégias utlizadas passam, sobretudo, pela comunicação aberta e construtiva, cedência e espírito de sacrifício. Verificando-se, ainda, uma escassez de recursos sociais, limitando-se às relações familiares pelo apoio instrumental disponibilizado, surgindo, posteriormente, outras relações comunitárias e sociais. No final, são refletidas as limitações do estudo e as implicações para a intervenção psicológica e são ainda avançadas pistas para investigação futura.