O PSD revelou hoje que quer "alargar a nacionalidade
portuguesa aos netos de cidadãos nacionais por mero efeito da vontade" e
criticou a actuação do Governo neste campo, acusando-o de "ter feito tudo
contra" os emigrantes portugueses.
Falando no final de uma audiência com representantes das comunidades
portuguesas na sede do PSD, Manuela Ferreira Leite acusou o executivo
socialista de "não ter cumprido em nada nenhuma das promessas que fez
sobre esta temática" e defendeu que o seu partido "sempre tem dado
enorme importância ao longo da sua história" aos emigrantes, "com uma
preocupação fundamental de manter unidos todos aqueles que são
portugueses".
"A actual lei da nacionalidade prevê que a segunda geração, ou seja os
netos, possam ter a acesso à nacionalidade portuguesa por naturalização, mas
não por efeito de vontade", explicou à Lusa o deputado José Cesário (PSD).
O deputado sublinhou ainda que "a aquisição da nacionalidade por
naturalização não é extensível aos filhos dos respectivos, de quem adquirir
esta nacionaldade, e pode implicar, em alguns casos, na perda da nacionalidade
originária".
"O que nós propomos é a retomada da proposta que já apresentámos no curso
desta legislatura, por duas vezes, que prevê a transmissão da nacionalidade
portuguesa aos netos de portugueses, ainda que os pais não a tenham, por efeito
de vontade", referiu ainda José Cesário.
Nas declarações aos jornalistas, Ferreira Leite criticou o Governo por ter
querido acabar com o voto por correspondência: "Não nos podemos esquecer
da actuação do Governo de querer retirar poder de voto aos emigrantes, uma luta
pela qual muito o PSD combateu desde há cerca de um ano e de onde saiu
vitorioso", referiu.
"Tudo tem sido feito contra os portugueses que trabalham fora do país, nós
não vamos por esse caminho", declarou a líder social-democrata, frisando
que caso ganhe as eleições irá "tomar medidas no sentido de manter viva a
língua e a cultura" portuguesas.
No final da audiência de Ferreira Leite foram também distrbuídas aos
jornalistas as "linhas de orientação fundamentais" do seu
"compromisso com as comunidades portuguesas" que irá integrar o
programa de governo do partido, onde os sociais-democratas se comprometem, por
exemplo, a "reformar o sistema de voto dos portugueses residentes no
estrangeiro, adoptando o voto electrónico".
No documento o PSD diz também querer "fomentar o ensino do português no
estrangeiro", "dar sequência a programas de incentivo à mobilização
dos jovens luso-descendentes para uma maior proximidade com o Portugal moderno",
"fazer crescer a participação cívica e política das comunidades" e
"desenvolver novos mecanismos de captação de poupanças e investimentos dos
portugueses residentes no estrangeiro".
"Reabilitar a rede consular", "defender o voto dos residente
não-permanentes nas eleições autárquicas" ou apoiar os "portugueses
em situações mais difíceis", são outras das propostas que integrarão o
programa do partido liderado por Manuela Ferreira Leite, que vai ser
apresentado oficialmente no dia 27 de Agosto.
Sobre a reabilitação da rede consular, o deputado José Cesário indicou que é
necessário aprimorar a rede informática dos consulados, que ainda mostra
deficiências neste campo, e promover a reafectação de recursos humanos, uma vez
que há consulados com recursos humanos em excesso e outros com falta de
pessoal.
Jornal de Negócios, aqui.